A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

Posso providenciar uma visita guiada, se você quiser. Aliás, se tiver interesse,
posso mostrar a passagem secreta que leva direto ao Monte do Templo.
— Não sei se meu governo aprovaria. — Seymour ficou em silêncio
enquanto um garçom enchia suas xícaras de café. Então, quando estavam a
sós novamente, continuou: — Então o rumor é verdadeiro, afinal.
— Que rumor?
— De que o filho pródigo enfim voltou para casa. É engraçado —
acrescentou ele, com um sorriso triste mas eu sempre imaginei que você
passaria o resto da vida caminhando pelos penhascos da Cornualha.
— É um lugar lindo, Graham. Mas a Inglaterra é a sua casa, não a
minha.
— Às vezes sinto que não parece mais ser a minha casa. Helen e eu
compramos uma casa em Portugal há pouco tempo. Em breve vou ser um
exilado, assim como você foi.
— Sério?
— Não é nada iminente. Mas, no fim, todas as coisas boas devem
terminar.
— Você teve uma grande carreira, Graham.
— Tive? É difícil mensurar o sucesso no campo da segurança, não é?
Somos julgados com base em coisas que não acontecem: os segredos que não
são roubados, os edifícios que não explodem. Pode ser uma forma
profundamente insatisfatória de se ganhar a vida.
— O que você vai fazer em Portugal?
— Helen vai tentar me envenenar com a sua culinária exótica e eu
vou pintar paisagens terríveis de aquarela.
— Nunca soube que você pintava.
— Por uma boa razão. — Seymour observou a paisagem e franziu a
testa, como se aquilo estivesse muito além do alcance de seu pincel e sua
paleta. — Meu pai estaria se revirando no túmulo se soubesse que estou
aqui.
— Então por que você está aqui?
— Estava me perguntando se você se disporia a encontrar algo para
um amigo meu.
— O amigo tem um nome?
Em vez de responder, Seymour abriu a maleta e pegou uma
fotografia ampliada, passando-a para Gabriel. Mostrava uma jovem atraente
que olhava direto para a câmera, segurando uma edição do International

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