A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

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PRAÇA LUBYANKA, MOSCOU


No quarto andar da sede da FSB, há um conjunto de salas ocupadas
pela menor e mais secreta unidade da organização. Conhecido como
Departamento de Coordenação, o grupo lida apenas com casos de extrema
sensibilidade política, normalmente a pedido do próprio presidente russo.
Naquele momento, o velho chefe da unidade, coronel Leonid Milchenko,
estava sentado em frente à sua grande mesa feita na Finlândia, com um
telefone grudado no ouvido, os olhos fixos na Praça Lubyanka. Vadim
Strelkin, seu braço direito, estava parado ansioso na soleira da porta. Pela
forma como Milchenko bateu o telefone, percebeu que teria uma longa
noite.
— Quem era? — perguntou Strelkin.
Milchenko respondeu sem tirar os olhos da janela.
— Merda — praguejou Strelkin.
— Merda não, Vadim: petróleo.
— O que ele queria?
— Ele quer uma conversa particular.
— Onde?
— No escritório dele.
— Quando?
— Cinco minutos atrás.
— Do que você acha que se trata?
— Pode ser qualquer coisa — falou Milchenko. — Mas, se a Volgatek
está envolvida, não pode ser nada bom.
— Vou pegar o carro.
— Boa ideia, Vadim.
Tirar o carro das entranhas de Lubyanka levou mais tempo do que a
viagem curta até a sede da Volgatek na rua Tverskaya. Dmitry Bershov, o
número dois da empresa, esperava, ansioso, no saguão quando Milchenko e
Strelkin entraram — outro mau sinal. Em silêncio, conduziu-os a um
elevador executivo e apertou o botão do último andar. Ao se abrirem as
portas, eles deram diretamente no maior escritório que Milchenko já vira em
Moscou. Só depois de alguns segundos é que ele avistou Gennady Lazarev,
sentado numa das pontas de um comprido sofá de couro. O coronel decidiu
ficar de pé enquanto o CEO da Volgatek explicava que Pavel Zhirov, seu

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