A Garota Inglesa

(Carla ScalaEjcveS) #1

Agora o Kremlin está de olho em Alexei Navalny, o dissidente mais
proeminente e líder do movimento de protesto que varreu o país após o
retorno de Putin à presidência. No momento em que escrevo esta nota, ele
aguarda julgamento por acusações de desvio de dinheiro — acusações que
Navalny e sua legião de apoiadores denunciaram como politicamente
motivadas. Caso seja condenado, pode passar dez anos na prisão, onde não
será uma ameaça a Putin e aos seus companheiros siloviki no Kremlin.
Na nova Rússia de Putin, com demasiada frequência, as penas de
prisão com qualquer tipo de duração equivalem a uma sentença de morte.
De acordo com as autoridades russas, 4.121 pessoas morreram sob custódia
do governo só em 2012, porém advogados pró-democracia dizem que é
provável que o número real seja muito maior. Isso pode explicar por que
Alexander Dolmatov, ativista pró-democrata russo, se suicidou no centro de
detenção de Roterdã em janeiro de 2013. Com medo de ser preso e julgado
na Rússia, ele voou para a Holanda em busca de asilo político. Quando sua
solicitação foi negada, enforcou— se na cela. O governo holandês disse que o
suicídio de Dolmatov não teve nada a ver com a negação do asilo. Os amigos
dele no movimento de oposição não compartilham dessa opinião.
Os nomes de Magnitsky, Navalny, Dolmatov são conhecidos no
Ocidente, mas existem muitos outros que já definharam nas celas das prisões
russas por terem ousado erguer um cartaz de protesto ou escrever um blog
criticando Vladimir Putin. Na Rússia, a intensificação do autoritarismo
continua. E os gigantes do petróleo e do gás do Kremlin estão pagando a
conta.


Daniel Silva, Washington, D.C., abril de 2013
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