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CÔTE D'AZUR, FRANÇA
Eles o lançaram ao fundo do mar nas águas profundas além do golfo
de Leão e seguiram para Marselha. Ainda estava escuro quando chegaram
ao Velho Porto. Gabriel e Keller saíram do Moondance com alguns minutos
de diferença um do outro, entraram nos seus carros, e percorreram a costa a
caminho de Toulon. Um pouco antes da cidade de Bandol, Gabriel parou na
beira da estrada e afrouxou vários cabos do motor. Ligou para a locadora de
veículos e, com a voz histérica de Herr Klemp, deixou uma mensagem
dizendo onde o carro “quebrado” podia ser encontrado. Depois de limpar as
digitais do volante e do painel, entrou no Renault de Keller e os dois foram
para o leste, seguindo para Nice sob o sol nascente. Havia um prédio antigo
na Rue Verdi, branco como um osso, onde o Escritório mantinha um de seus
vários flats secretos na França. Gabriel entrou no edifício sozinho e pegou a
correspondência, que incluía a cópia do arquivo pessoal de Madeline Hart
no Partido, solicitada a Graham Seymour. De volta ao carro, ele leu o
documento enquanto Keller dirigia rumo a Aix pela Autoroute A8.
— O que diz aí? — perguntou o Inglês depois de vários minutos de
silêncio.
— Que Madeline Hart é perfeita. Mas nós já sabíamos disso.
— Eu também já fui perfeito. E olha como fiquei.
— Você sempre foi um patife, Keller. Só não percebeu até aquela
noite no Iraque.
— Eu perdi oito colegas tentando proteger o seu país dos Scuds de
Saddam.
— Somos eternamente gratos.
Mais calmo, Keller ligou o rádio e sintonizou numa estação sediada
em Mônaco que transmitia em inglês, voltada para a grande comunidade de
expatriados britânicos que viviam no sul da França.
— Com saudades de casa? — perguntou Gabriel.
— Gosto de ouvir o som do meu idioma nativo de vez em quando.
— Você nunca voltou?
— Para a Inglaterra?
Gabriel assentiu.