— Nunca — respondeu Keller. — Eu me recuso a trabalhar lá e
nunca aceite, contratos envolvendo ingleses.
— Que nobre da sua parte.
— Deve-se operar de acordo com um código de conduta.
— Então os seus pais não sabem que você está vivo?
— Não.
— Você não deve mesmo ser judeu — repreendeu Gabriel. —
Nenhum garoto judeu deixaria a mãe pensar que ele está morto. Não se
atreveria.
Gabriel abriu o registro mais recente do arquivo pessoal de Madeline
Hart e o leu em silêncio enquanto Keller dirigia. Era a cópia de uma carta
enviada por Jeremy Fallon para o presidente do Partido, recomendando que
a Srta. Hart fosse promovida a um posto júnior no ministério e preparada
para cargos oficiais. Fitou uma fotografia de Madeline sentada numa
cafeteria a céu aberto com o homem que eles conheciam apenas pelo nome
de Paul.
Observando-o, Keller perguntou:
— Em que você está pensando?
— Estou só me perguntando por que uma jovem estrela em ascensão
no partido britânico da situação dividia uma garrafa de champanhe com
um sujeito tão estranho como o nosso amigo Paul.
— Porque ele sabia que Madeline tinha um caso com o primeiro-
ministro. E estava se preparando para sequestrá-la.
— Como ele teria descoberto?
— Eu tenho uma teoria.
— É baseada em fatos?
— Em alguns.
— Então é só uma hipótese.
— Mas pelo menos vai ajudar a passar o tempo.
Gabriel fechou a pasta para indicar que estava prestando atenção.
Keller desligou o rádio.
— Homens como Jonathan Lancaster sempre cometem o mesmo
erro quando têm um caso: confiam que os guarda-costas vão ficar de boca
fechada — começou o Inglês. — Mas eles não ficam. Eles conversam entre
si, conversam com as esposas, as namoradas, os velhos amigos que
conseguiram trabalho no negócio particular de segurança da Inglaterra. E,
em pouco tempo, o caso chega aos ouvidos de alguém como Paul.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1