Tinha razão. Era americano, e do Sul, a julgar pelo sotaque.
Delaroche aceitou. Tirou os óculos de sol e o americano dirigiu-se à
moderna cozinha toda em tons de preto, onde se atarefou a preparar o café.
Delaroche sentou-se e perscrutou o resto do apartamento. Ao lado da cozinha
ficava uma pequena área de jantar e, mais adiante, um breve corredor de acesso a
um quarto. Em cima da mesa estava um computador portátil escuro.
O americano regressou com duas canecas. Entregou uma a Delaroche e
ficou com a outra.
─ O trabalho consta de quatro alvos ─ começou a explicar, sem preâmbulos
─ e deverá ser levado a cabo antes do fim de Janeiro. Receberá um milhão de
dólares de adiantamento. Será pago de imediato mais um milhão por cada alvo
eliminado. Se não estou em erro, o total será de cinco milhões de dólares.
─ Para quem trabalha?
O americano abanou a cabeça.
─ Recebi ordens para lhe dizer que trabalho para o mesmo grupo que o
contratou para a operação do voo comercial. Já sabe que se trata de uma
organização profissional e que trabalha bem. Delaroche acendeu um cigarro. ─
Tem os arquivos sobre os alvos?
O americano apresentou um disco compacto.
─ Está tudo aqui, mas apenas verá os arquivos caso aceite o trabalho.
Questões de segurança, senhor Delaroche. Imagino que um homem da sua
reputação o compreenda.
Delaroche estendeu a mão para aceitar o disco. O americano sorriu. ─
Imaginávamos que estivesse de acordo. O primeiro milhão já foi transferido para o
seu banco em Zurique. Pode confirmar. Tem ali o telefone. Delaroche manteve a
troca de palavras num alemão rápido. Herr Becker, o solícito gerente do banco de
Zurique confirmou-lhe que sim, durante a noite fora transferido um milhão de
dólares para a sua conta. Delaroche indicou que voltaria a ligar mais tarde com
outras instruções e desligou.
─ O conteúdo está protegido ─ explicou o americano, ao entregar o disco a
Delaroche. ─ O seu nome de código do KGB vai permitir o acesso aos arquivos.
Delaroche estava espantado. Desde que entrara no mercado por conta
própria nunca divulgara as credenciais do KGB, e nunca utilizara o antigo nome de
código, conhecido apenas por Arbatov e por um punhado de oficiais do Centro de
Moscou. Era óbvio que os homens que o tinham acabado de contratar possuíam
muito bons contatos. Prova disso era o fato de terem conhecimento do seu nome de
código do KGB.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1