A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Imagino que saiba mexer neste aparelho ─ comentou o americano,
enquanto apontava para o computador portátil. ─ Vai desculpar-me, mas não estou
autorizado a ver o conteúdo dos arquivos. Está por sua conta.
Delaroche levou o disco até a mesa da sala de jantar e sentou-se. Inseriu o
disco na drive interna do portátil e digitou sete letras.
A tela do computador ganhou vida.
Os arquivos eram os melhores que Delaroche já vira: antecedentes
profissionais e pessoais, hábitos sexuais, rotinas diárias, moradas, números de
telefone, gravações digitais de voz, fotografias de vigilância, até mesmo imagens de
vídeo digitalizadas.
Demorada e sistematicamente, passou duas horas a analisar a informação
contida no disco. Não tirou notas. Delaroche possuía uma mente capaz de
armazenar, organizar e recordar quantidades enormes de informação.
O americano estava deitado no sofá, a desfrutar o sistema de televisão por
satélite de 500 canais. Primeiro viu um jogo de futebol americano, depois um
concurso idiota. Acabara por se deter em pornografia sueca. Enquanto trabalhava,
Delaroche foi presenteado com sons de sexo lésbico.
Os alvos seriam os mais difíceis da sua carreira. Eram todos profissionais e
um encontrava-se sob proteção periódica do governo. O trabalho iria também
exigir que levasse a cabo um assassinato nos Estados Unidos, onde Delaroche
nunca estivera e muito menos trabalhara. Caso fosse bem sucedido, essas seriam
as últimas mortes durante algum tempo. O assassino encarregue dessa missão
teria de se esconder durante um período considerável. Os contratadores tinham
bem noção disso, razão pela qual o pagamento representava uma vida de
rendimentos.
Delaroche abriu a última pasta.
Continha apenas um arquivo, a fotografia do homem que via televisão na
sala ao lado. Delaroche fechou o arquivo e saiu do programa. Na tela podia ler:
SE NOS TRAIR, VAMOS ENTREGÁ-LO AO FBI, OU SERÁ MORTO.
Delaroche retirou o disco e levantou-se.
O americano estava embrenhado na pornografia. Delaroche dirigiu-se à sala
de estar e agarrou no casaco, que estava dobrado sobre as costas de uma cadeira. O
americano levantou-se, o que agradou a Delaroche. Tornaria o passo seguinte mais
simples.
─ Uma última questão profissional. Como entraremos em contato com você
quando der início à missão?
─ Não entram. Acabaram-se os encontros pessoais e os contatos com
Arbatov.

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