A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Passou o resto do dia a descontrair-se. Almoçou no restaurante do hotel,
onde voltou a transformar-se em Karel van der Stadt, turista holandês, e dormiu
uma hora no quarto. À tarde, visitou a sua galeria e deixou os quadros. O dono
considerou-os espetaculares e entregou-lhe um cheque de duzentos mil francos, a
parte de Delaroche na venda dos últimos trabalhos.
Ao final da tarde, telefonou para Zurique. Herr Becker, o minucioso gerente
do banco suíço confirmou-lhe que sim, um segundo depósito de um milhão de
dólares fora efetuado na conta do cavalheiro. Isso significava que o corpo do agente
americano fora encontrado. Ou, o que seria mais provável, os contratadores de
Delaroche teriam assistido a tudo através de câmaras e microfones de vigilância.
Delaroche pediu o saldo e, após um instante de cálculo, Becker anunciou
com gravidade que a conta apresentava um saldo de pouco mais de três milhões e
meio de dólares.
Delaroche indicou-lhe que preparasse um levantamento de meio milhão de
dólares, em notas de vários valores, que seriam recolhidas em quarenta e oito
horas. Depois ordenou a Becker que transferisse três milhões de dólares para três
contas separadas nas Baamas.
─ Um milhão de dólares para cada conta, Monsieur Delaroche?
─ Sim.
─ Os números das contas, por favor? Delaroche citou-os de cor.
A reforma deixara Arbatov menos alerta. Tal como grande parte dos idosos
que vivem sozinhos, acomodara-se numa rotina diária cuidadosamente planejada,
da qual poucas vezes se afastava. Nela incluía-se o passeio do cão, todas as noites
antes do jantar. A única coisa mais previsível do que Arbatov era o cão. Todas as
noites urinava na mesma árvore e defecava na mesma área de grama no parque
junto à casa de Arbatov.
Delaroche esperou ali, oculto na escuridão.
Arbatov aproximou-se à hora certa. Estava frio e voltara a cair uma chuva
leve. O parque encontrava-se deserto. Mesmo que houvesse pessoas por perto,
Delaroche sabia que levaria a cabo a ação de modo tão rápido e silencioso que
nunca seria detectado.
Arbatov passou. Delaroche seguiu-o em silêncio.
O cão parou para urinar, na mesma árvore, cumprindo o horário.
Delaroche fez uma pausa e voltou a andar quando o animal terminou.
Olhou à sua volta para confirmar que se encontrava sozinho. Satisfeito, reduziu a
distância que o separava de Arbatov com alguns passos rápidos. Alarmado pelo
ruído, Arbatov virou-se a tempo de ver Delaroche de braço erguido. O golpe foi de

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