─ Larga o telefone e não te faço mal.
Carson subiu as escadas a correr, a ladrar furiosamente. Agachou-se no
corredor, com os dentes arreganhados ao intruso. O homem ergueu calmamente a
arma e disparou duas vezes contra o cão. Carson ganiu uma vez e ficou em silêncio.
─ Cabrão! Cabrão de merda! Quem é você? Foi Elliott que o enviou? Diga,
porra! Foi Mitchell Elliott que o enviou?
─ Larga o telefone. Já!
Susanna baixou o olhar e marcou o nove e o um.
O primeiro tiro acertou-lhe na cabeça antes de conseguir marcar o último
dígito. Caiu para trás, ainda agarrada ao receptor, ainda consciente. Olhou para
cima. O homem agigantava-se sobre ela, a arma mais uma vez apontada para a
cabeça.
─ Na cara não ─ implorou. ─ Pelo amor de Deus, não me dê um tiro na cara.
A expressão de fúria do homem suavizou-se por um instante. Baixou a arma alguns
graus e o cano apontou ao peito. Susanna fechou os olhos. A arma emitiu dois sons
breves. Susanna sentiu apenas um momento de dor lancinante e depois viu um
clarão de luz brilhante. Em seguida, apenas escuridão.
Calahan baixou-se, retirou-lhe o receptor da mão e voltou a colocá-lo no
descanso. A morte fora rápida, mas não completamente silenciosa. Tinha de agir
depressa. A polícia iria dar a volta à casa. Se descobrissem vestígios de que a
mulher estava a ser vigiada, talvez associassem a morte a Elliott. A limpeza
demorou menos de cinco minutos. Ao sair da casa, Calahan empunhava os blocos
de notas, os dois microfones do quarto, o microfone do telefone, a bolsa de
Susanna e o computador portátil.
Saiu de Pomander Walk, atravessou Volta Place e entrou na van de
vigilância. Mais tarde iria buscar o carro. Enquanto se afastava a alta velocidade,
marcou o número privado de Mitchell Elliott no celular. ─ Receio que nos tenha
surgido um pequeno problema, senhor Elliott. Daqui a cinco minutos ligo-lhe, a
partir de uma linha segura.
Calahan desligou e atirou o telefone contra o para-brisa.
─ Raios partam, porque chegou ela mais cedo? Cabra de merda!
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1