A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Olhou pela janela e viu o corpo de Susanna, enrolado num lençol branco,
sendo retirado de maca. Mantivera a compostura até aquele momento, mas ver
Susanna daquela forma roubou-lhe as últimas forças.
─ Elizabeth, você está aí? Elizabeth, fale comigo.
─ Eles a estão levando. Ai, meu Deus, pobre Susanna! Estou só pensando
no que ela deve ter sofrido antes de morrer. Não consigo deixar de pensar nisso.
─ Saia daí. Vá para casa. Vai se sentir um pouco melhor. Acredite.
─ Ande depressa.
─ Sim.
Elizabeth desligou o telefone. Scanlon tinha um disquete na mão. ─ Bem,
acho que ela já não precisa dissto. ─ Fez uma pausa e os olhos encheram-se de
lágrimas. ─ Céus, nem acredito que disse isto.
─ O que é?
Scanlon explicou o sistema que usavam, como Susanna fazia sempre cópias
do trabalho e as deixava em sua caixa do correio.
─ Era paranoica.
─ Eu sei. Na faculdade de Direito, guardava as coisas na geladeira, porque
tinha lido em algum lugar que geladeiras resistem a incêndios. ─ Elizabeth sorriu
com a recordação. ─ Sinto tanta falta dela. Nem acredito que isto esteja
acontecendo.
Scanlon pousou o disquete na bancada da cozinha.
─ Encontrei-a ontem à noite, quando cheguei a casa. Ela deve tê-la deixado
quando foi correr. É engraçado, sempre pensei que ela era maluca por correr à
noite, mas foi morta dentro de casa.
Elizabeth pensou no telefonema de Susanna na noite anterior. Passara o dia
a trabalhar num artigo importante. O que ela escrevera deveria estar naquela
disquete.
─ Posso ficar com ele? ─ perguntou Elizabeth.
─ Claro, mas não vai conseguir ler o que está aí.
─ Por quê?
─ Porque ela usava software de encriptação. É como lhe digo, ela era
paranoica com o trabalho.
─ Não sabe a senha?
─ Não, nunca me disse. Imaginava que tivesse dito a você.
Elizabeth abanou a cabeça.
─ E os editores do Post?
─ Nem pensar. Ela não confiava em ninguém, muito menos nas pessoas
com quem trabalhava.

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