A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Ótimo, não quero que pense que és uma prostituta. Além disso, não pode
ser tão estúpido como parece. E quanto a amanhã à noite?
─ Deixei bastante claro que voltaria ao bar.
─ Ele volta.
─ Por favor, Jean-Paul, não quero que ele me beije. O hálito dele cheira a
merda.
─ Essa parte da operação fica nas tuas mãos.
─ Meu Deus, espero que não tente beijar-me. Se tentar, juro que sou eu que
o mato.
Na noite seguinte, Yardley chegou primeiro. De vigia no banco de Sloane
Square, Delaroche reprimiu uma gargalhada ao ver o tão bem treinado agente dos
serviços secretos britânicos lançar uma série de olhares ansiosos na direção da
porta. Depois de meia hora, Delaroche decidiu que Yardley já esperara tempo
suficiente pela sua recompensa. Fez sinal a Astrid, que estava sentada à janela de
um bar do outro lado da praça. Cinco minutos depois entrava no restaurante,
diretamente para os braços de Colin Yardley.
Provocou-o. Brincou com ele. Bebia-lhe cada palavra. Passou-lhe os dedos
pelo cabelo. Permitiu que lhe pagasse demasiados copos de Sancerre. Inclinou-se
para a frente, para que ele pudesse espreitar-lhe pela blusa e ver que não trazia
sutiã. Afagou-lhe a barriga da perna com a ponta do caro sapato Bruno Magli.
Tentou ir-se embora por várias vezes ─ o meu marido vai perguntar-me onde andei,
querido ─ mas ele fazia sinal ao empregado do bar, que trazia outro copo de
Sancerre. Ela não tinha força de vontade para se afastar daquele homem tão
interessante, e seja um querido e peça outro maço de Marlboro Light 100s, por
favor. Astrid, a sedutora. Astrid, a necessitada. Astrid, a holandesa faminta por
sexo, que faria tudo pela atenção de um inglês de meia-idade, com um terno de
Savile Row e uma casa dispendiosa. Delaroche apreciou o trabalho dela a partir da
praça. Sentiu outra coisa: uma pontada de ternura. Levou a mão ao casaco e sentiu
a coronha da Glock.
A parte seguinte correu de acordo com o planeado. Astrid inclinou-se para
a frente e murmurou-lhe ao ouvido. Yardley pagou a conta e foi buscar os casacos.
Dois minutos depois, entravam para um táxi.
Delaroche observou-os a afastarem-se. Levantou-se e seguiu-os lentamente,
através de Sloane Square, para oeste, ao longo da King's Road. Não ficou alarmado
quando perdeu o táxi de vista. Sabia exatamente para onde iam, para a casa de
Yardley, em Wellington Square.
Fá-lo entrar em casa, Astrid. Diz-lhe que tens pressa. Que o teu marido vai
perder a cabeça se te demorares. Leva-o diretamente para a cama. Não te

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