A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Olha só para nós ─ dizia. ─ Sou tão pálida e você tão moreno. Sou o bem
e você o mal.
O trabalho dele enfadava-a e ela nunca lhe fazia perguntas. A noção de
alguém correr o mundo a vender coisas parecia baralhá-la. Apenas lhe perguntava
onde ia e quando regressava.
Adrian Carter era o agente de controle de Michael. Este tinha a obrigação
de mencionar a relação que mantinha com Sarah a Carter e ao Departamento de
Pessoal, mas eles iriam revolver-lhe o passado, investigar as tendências políticas, o
trabalho, os amigos, os amantes, e talvez descobrissem coisas que Michael preferia
não saber. Manteve a Agência ignorante da existência de Sarah e esta da Agência.
Receava que ela o abandonasse, caso descobrisse a verdade. Tinha medo que
tecesse comentários com os amigos, o que poria em perigo o seu disfarce em
Londres. Estava a mentir aos patrões e à amante. Sentia-se feliz e desolado ao
mesmo tempo.
Aproximava-se de Oxford. Uma van comercial Ford branca seguia-o desde
há trinta quilômetros, mantendo-se sempre três ou quatro carros atrás. Era possível
que a Ford se limitasse a viajar na mesma direção, mas Michael fora treinado a não
acreditar em coincidências. Abrandou e deixou que o trânsito o ultrapassasse.
A Ford permaneceu à mesma distância.
Aproximou-se de uma área de serviço. Saiu da auto-estrada e estacionou
perto do restaurante. A Ford seguiu-o e entrou na bomba de gasolina. O condutor
saiu e fingiu ver a pressão do pneu do lado do passageiro, enquanto observava o
Rover. Michael interrogou-se quem o poderia estar a seguir. Wheaton, da Estação
de Londres? Graham Seymour e o MI6?
Entrou no restaurante, pediu café e uma sanduíche de bacon e ovo frito, e
foi ao banheiro. Foi buscar a comida, pagou e saiu. A Ford continuava na bomba de
gasolina, com o condutor a preparar-se para ver a pressão do pneu traseiro.
Michael dirigiu-se a um telefone público e ligou para o hotel onde estava
hospedado. Disse à recepcionista que deixara um par de botões de punho valiosos
na casa de banho. Ditou-lhe uma morada falsa em Miami, que ela prontamente
anotou, enquanto Michael observava a Ford. Desligou e regressou ao Rover. Ligou o
motor e afastou-se, entrando no trânsito da auto-estrada. Olhou para o espelho
retrovisor enquanto comia o sanduíche.
Lá estava a Ford, três carros atrás.
O monovolume seguiu Michael até Moreton-in-Marsh, uma aldeia grande
segundo os padrões de Gloucestershire, que abarcava o cruzamento da A44 e da
A429. Parou num estacionamento em frente a uma série de lojas e saiu. A Ford
estacionou a cinquenta metros dele. O restaurante ficava ao lado de um talho, com

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