A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Acima de tudo, era utilizado para promover a instabilidade no Ocidente,
para levantar problemas aos governos ocidentais. Matava de ambos os lados do
muro. Agitava as águas, por assim dizer. Lançava achas para a fogueira. E era muito
bom no que fazia. Orgulhava-se de nunca ter falhado uma única missão. Não
utilizava as ferramentas que lhe púnhamos à disposição para lhe facilitar o
trabalho, as balas com ponta de cianeto, ou as armas que libertavam gás venenoso.
Desenvolveu o seu método de matar muito próprio.
─ Três tiros no rosto.
─ Brutal, eficaz, bastante dramático.
Michael vira os resultados em primeira-mão. Não precisava que Drozdov
descrevesse o efeito do método do assassino.
─ Ele tinha um agente responsável? ─ perguntou Michael, com um tom de
voz sereno.
─ Sim, apenas trabalhava com um agente, um homem chamado Mikhail
Arbatov. Cheguei a tentar substituir Arbatov, mas o Outubro ameaçou matar o
novo elemento. Arbatov era o mais próximo que o Outubro tinha de uma família.
Só confiava em Arbatov e, mesmo assim, apenas o suficiente.
─ Há pouco tempo foi assassinado em Paris um Mikhail Arbatov.
─ Sim, li sobre isso. A polícia disse que deve ter sido morto por
delinquentes.
O relato do jornal descreve-o como sendo um diplomata russo aposentado
a viver em Paris. Se há uma coisa que aprendi nesta vida, senhor Osbourne, é que
não se pode acreditar em tudo o que se Le nos jornais.
─ Quem matou Arbatov?
─ O Outubro, é claro.
─ Por quê?
─ É uma boa pergunta. Talvez Arbatov soubesse demasiado sobre alguma
coisa.
Quando o Outubro se sente ameaçado, mata. É a única coisa que sabe fazer.
Exceto pintar. Dizem que tem bastante talento.
─ Começou a trabalhar por conta própria? Agora é assassino profissional?
─ Dos melhores do mundo, bastante procurado. Arbatov era o seu agente.
Enriqueceram bastante em conjunto. Ouvi dizer que havia muita inveja pela forma
como Arbatov se aproveitara dos talentos do Outubro. Arbatov tinha muitos
inimigos, muita gente que lhe desejava mal. Mas, se está à procura de quem o
matou, talvez começasse pelo Outubro.
O sol voltou a desaparecer e as nuvens engrossaram, negras com a
promessa de chuva. Passaram por uma mansão de pedra calcária, cercada por

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