A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

relvados amplos. Michael contou-lhe sobre Colin Yardley. Sobre a gravação vídeo da
morte. Sobre Astrid Vogel.
Drozdov abanou lentamente a cabeça.
─ Imaginaria que alguém com o ofício de Yardley soubesse os perigos de
ter uma câmara no quarto. Tenho de admitir que é uma das consequências da
velhice que não me incomodam. O eterno desejo pelo corpo da mulher deixou-me
finalmente em paz. Tenho os meus cães, os meus livros, e a minha paisagem
bucólica de Cotswolds.
Michael riu em silêncio.
Em tempos trabalhou com a Fação do Exército Vermelho. Foi durante essa
missão que conheceu Astrid Vogel. Ela passou muitos anos escondida, em Tripoli,
em Damasco, nas montanhas Shouf. Pagou muito caro pelo idealismo. Houve
qualquer coisa que a voltou a atrair para este mundo. Imagino que tenha sido o
dinheiro. ─ Porque iria o Outubro matar Colin Yardley?
Talvez devesse reformular essa pergunta: O que fez Colin Yardley para que
alguém contratasse o melhor assassino do mundo para o matar? Talvez tenha
adquirido um míssil Stinger a um traficante de armas do mercado negro chamado
Farouk Khalifa, após o que o entregou aos homens que abateram o Voo 002, pensou
Michael.
Começou a chuviscar e o tempo arrefeceu. Os cães rodearam as botas de
Drozdov, ansiosos por voltar a casa, para junto da lareira. À frente deles surgiu a
aldeia de Aston Magna, um aglomerado de casas espalhadas à volta do cruzamento
de duas estradas secundárias.
─ Oferecia-lhe boleia de volta a Moreton, mas não conduzo desculpou-se
Drozdov. ─ Obrigado, mas vou a pé.
─ Sinto muito pelos sapatos ─ indicou, apontando a bengala ao calçado
arruinado de Michael. ─ Não foi uma muito boa escolha para uma caminhada
através de Cotswolds, no inverno.
─ Um pequeno preço a pagar pela ajuda que me deu.
Michael parou de andar. Drozdov continuou mais alguns metros, após o
que se deteve e virou-se.
─ Houve uma morte que ainda não referiu ─ comentou. O assassinato de
Sarah Randolph. Imagino que não tenha a ver com o caso em que está envolvido
neste momento. Admiro o seu profissionalismo, senhor Osbourne.
Michael não disse nada, limitando-se a aguardar.
Ela era uma comunista empenhada, uma revolucionária ─ explicou, abrindo
os braços e olhando o céu. ─ Que Deus nos proteja dos idealistas. A sua Sarah era
amiga dos oprimidos do mundo: dos irlandeses, dos árabes, dos bascos. Trabalhou

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