A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

de bom grado para a minha agência. Conhecíamos a verdadeira identidade do
Michael. Sabíamos que enviava agentes de infiltração contra as organizações
guerrilheiras próximas da nossa causa. Queríamos saber mais acerca dos seus
movimentos, por isso colocamos Sarah Randolph no seu caminho. Michael sentiu a
cabeça às voltas. O coração acelerou. Tinha dificuldade em ouvir. Drozdov parecia
estar a afastar-se dele, a transformar-se numa linha vertical ao fundo de um túnel
comprido e escuro. Tentou recuperar o controle das emoções. Receava que Drozdov
se apercebesse e se calasse. Queria ouvir tudo. Depois de tantos anos, queria a
verdade, por mais dolorosa que fosse.
─ Sarah Randolph cometeu um erro terrível ─ continuou Drozdov. ─
Apaixonou-se pelo alvo. Disse aos agentes de ligação que pretendia desistir.
Ameaçou contar-lhe tudo. Ameaçou entregar-se à polícia e confessar. O oficial de
controle decidiu que ela era demasiado instável para prosseguir com a missão. O
Centro de Moscou quis eliminá-la, e eu fiquei encarregue do caso. Talvez lhe deva
um pedido de desculpas, mas imagino que compreenda que não foi nada pessoal.
Michael debateu-se para tirar um cigarro do maço e levá-lo aos lábios. As
mãos tremiam-lhe. Drozdov acercou-se e acendeu o cigarro com um isqueiro de
prata com bastante uso.
─ Julguei que merecia a verdade, senhor Osbourne, razão pela qual lhe
contei tudo o resto. Mas acabou. Faz parte do passado, tal como a Guerra Fria.
Regresse à sua esposa e esqueça Sarah Randolph. Ela nunca foi real. E, faça o que
fizer, mantenha-se alerta ─ acrescentou, com os lábios junto ao ouvido de Michael.
─ Se for atrás do Outubro e cometer um erro que seja, ele mata-o tão depressa que
nem vai dar por isso.
Michael regressou a Moreton sob chuva intensa. Quando chegou à aldeia,
estava ensopado até os ossos e dormente com o frio. Dirigiu-se ao Rover no
estacionamento e fingiu deixar cair as chaves ao tentar abrir a porta. Pôs-se de
gatas e perscrutou rapidamente a parte inferior da carroçaria. Não avistou nada de
invulgar, por isso entrou e ligou o motor. Colocou o aquecimento no máximo,
fechou os olhos e apoiou a testa no volante. Não sabia se a devia odiar por lhe ter
mentido, se amá-la ainda mais, por ter querido desistir e ter acabado por pagar
com a vida. Imagens dela percorreram-lhe a mente. Sarah a flutuar na sua direção,
a sorrir, uma saia comprida sobre botas de camurça. A pele luminosa, de um tom
dourado à luz das velas. O corpo arqueado na direção do seu. O rosto esfacelado!
Esmurrou o painel e arrancou com o carro, os pneus a derraparem no
pavimento molhado. A van Ford branca seguiu-o até Michael devolver o Rover no
Aeroporto de Heathrow.
Michael apanhou o ônibus do serviço de aluguer de carros até o Terminal

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