AEROPORTO DE HEATHROW, LONDRES
O pistoleiro mais próximo de Michael disparava furiosamente para a
multidão. Avistou Michael a investir, apontou a arma automática e disparou.
Michael atirou-se para trás de um quiosque de câmbio, com balas a fazerem
ricochete no chão a seu lado. Duas pessoas agachavam-se com ele, uma mulher que
gritava em alemão e um padre francês que murmurava o Pai-nosso.
O terrorista perdeu o interesse em Michael e voltou a apontar a arma aos
passageiros indefesos. Michael espreitou por trás do quiosque. O ataque começara
há menos de quinze segundos, mas para Michael, agachado por trás do quiosque,
parecia uma eternidade. O chão estava coberto de mortos e de moribundos, e de
pessoas aterrorizadas que tentavam em vão proteger-se atrás de bagagens e de
balcões.
Raios partam! Onde está a força de segurança? pensou Michael.
Um dos atacantes fez uma pausa para recarregar. Levou a mão à mala,
retirou a cavilha de outra granada e atirou-a para trás do balcão da TransAtlantic. O
edifício estremeceu com o abalo. Michael viu um par de corpos a serem lançados
pelo ar, os membros despedaçados. O ar tresandava com o cheiro de fumo e de
sangue. Os gritos das vítimas quase abafavam o matraquear das armas
automáticas.
Michael desejou ter uma arma. Olhou para a direita. Quatro agentes da
força antiterrorista da polícia britânica assumiam posições de disparo atrás de
outro balcão. Dois deles levantaram-se, apontaram e dispararam. A cabeça de um
dos pistoleiros explodiu numa nuvem cor-de-rosa de sangue e de massa encefálica.
Os dois terroristas restantes responderam ao fogo e alvejaram um dos agentes. Os
policiais ergueram-se por detrás da barreira, armas disparando. Um segundo
pistoleiro tombou, o corpo perfurado pelas balas.
O último terrorista desistiu da luta. Recuou até a porta, sem nunca deixar
de disparar. Atravessou a porta automática, com vidros a estilhaçarem-se à sua
volta.
Michael podia ver um quarto elemento da equipe ao volante do carro de
fuga, um Audi metalizado. Levantou-se, passou por uma série de portas paralelas e
correu pelo corredor de embarque, saltando por cima de viajantes e de
funcionários do aeroporto deitados no chão.