Começava agora a ser dominado pela exaustão, que lhe pressionava o peito
e lhe fazia latejar a cabeça. Com a adrenalina eliminada das veias, as mãos já não
lhe tremiam. Era acometido por ondas de náusea. Fechou os olhos e viu sangue a
voar, cabeças a explodir, gritos e o matraquear das armas automáticas. Viu o
condutor de fuga a tombar para trás, sentiu a arma a recuar-lhe na mão. Tirara uma
vida. Uma vida de alguém mau, mas uma vida, não obstante. Já não se sentia bem.
Sentia-se sujo.
Michael esfregava a mão direita.
─ Talvez devesse ver o que se passa ─ comentou Wheaton, como se Michael
sofresse de uma lesão antiga. Michael ignorou-o.
─ Qual o número de baixas?
─ Trinta e seis mortos, mais de cinquenta feridos, alguns com bastante
gravidade. Os ingleses esperam que o número de mortes aumente.
Americanos?
─ Pelo menos vinte dos mortos são americanos. A maior parte das pessoas
que aguardava pelo check-in pretendia embarcar no voo para Nova York. Os
restantes mortos são ingleses. Já agora, falei com a sua esposa. Ela sabe que está
bem.
Michael lembrou-se de como a deixara. Num momento estavam a falar, no
outro largara o telefone e começara a gritar. Interrogou-se o que teria escutado
Elizabeth. Teria ouvido tudo, as explosões, os tiros, os gritos, ou teria a linha sido
cortada? Imaginou-a no gabinete, preocupadíssima, e sentiu-se mal.
Queria desesperadamente falar com ela, mas não à frente de Wheaton.
Tinham entrado em Londres e seguiam a leste de Cromwell Road.
─ Como é óbvio, as hienas da mídia estão ansiosas por falar com você ─
avisou Wheaton. ─ As testemunhas contaram-lhes sobre o herói de fato que matou
um dos terroristas e subjugou outro. A polícia está a dizer-lhes que o homem
deseja permanecer anônimo, pois receia uma retaliação por parte da Espada de
Gaza. Por agora ainda acreditam, mas sabe Deus quantos policiais de Londres têm
conhecimento da verdade. Basta que um deles dê com a língua nos dentes para
termos um problema bastante sério.
─ A Espada de Gaza já reivindicou o atentado?
─ Enviaram um fax para o The Times há alguns minutos. Os ingleses estão
a analisá-lo e já enviamos uma cópia para o CTC de Langley. Parece autêntico.
Deve ser revelado aos media em breve.
─ Uma vingança pelos ataques aéreos aos campos de treino?
─ É claro.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1