A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Durante a confusão do atentado, Michael esquecera-se completamente. E
concordara em encontrar-se com Muhammad Awad no meio do Canal da Mancha,
o que atrasaria a sua chegada a Nova York mais dois dias. Elizabeth ficaria furiosa,
e com toda a razão. Michael disse a Max que lhe telefonaria mais tarde para Nova
York e desligou.
Na verdade, Michael ficou aliviado por não ter falado com Elizabeth. Não
queria ter uma conversa como aquela numa linha monitorizada da embaixada.
Dirigiu-se ao gabinete de Wheaton e encontrou-o sentado à secretária, a apertar
uma bola de tênis, um Dunhill entre os lábios exangues.
─ Perdi a mala em Heathrow ─ explicou Michael. ─ Tenho de fazer umas
compras antes que as lojas fechem.
Por acaso, não pode ir ─ contrapôs Wheaton com desdém. Para começar,
não gostava que Michael estivesse a trabalhar no seu território. O fato de Michael
ser a coqueluche do momento também não ajudava. ─ O Carter quer vê-lo quieto e
seguro. Temos uma casa de segurança perto de Paddington Station. Vai ver que é
muito confortável.
Michael resmungou consigo mesmo. As casas de segurança da Agência
eram o equivalente na espionagem a um hotel barato. Conhecia muito bem o
apartamento de Paddington Station. Utilizara-o ao longo dos anos para esconder
vários agentes de penetração assustados. A última coisa que ele queria era passar lá
a noite como hóspede e não como ama-seca. Michael sabia que não valia a pena
resistir. Ia encontrar-se com Muhammad Awad contra a vontade de Carter e não
queria enfurecê-lo ainda mais, reclamando por ter de passar uma noite na casa de
segurança de Paddington.
Continuo a precisar de roupa ─ insistiu Michael.
─ Faça uma lista e eu mando alguém comprar.
─ Preciso de apanhar ar. Preciso de fazer alguma coisa. Se tiver de passar as
próximas doze horas trancado numa casa de segurança a ver televisão, vou dar em
louco.
Claramente irritado, Wheaton levantou o receptor do telefone interno e
murmurou algumas palavras ininteligíveis para o bocal. Momentos depois
surgiram dois agentes à porta, vestidos com ternos cinza-claro idênticos.
─ Cavalheiros, o senhor Osbourne gostaria de passar a tarde no Harrods.
Garantam que não lhe acontece nada.
─ Porque não envia um par de Marines fardados? ─ queixou-se Michael. ─
E, já agora, a Marks and Spencer serve perfeitamente.
Apanharam um táxi para Oxford Street, um dos agentes sentado ao lado de
Michael no banco, o outro apertado num banco desdobrável. Michael entrou na

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