A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Michael, trabalhas para a Central Intelligence Agency. Eles conseguem
desencantar um avião. Diz-lhes quais são as circunstâncias. De certeza que vão ser
compreensivos.
─ Não é assim tão simples. Além disso, custa dezenas de milhar de dólares.
Não vão fazer isso por mim.
Elizabeth suspirou profundamente. Michael ouviu o isqueiro barato e ela
parou de falar o tempo suficiente para acender outro cigarro Benson & Hedges. ─
Tenho passado o dia a ver a CNN ─ disse, mudando de assunto de repente. ─
Falaram sobre uma testemunha que disse que um passageiro prendeu um dos
terroristas e abateu outro com a arma dele. O homem que descreveram era muito
parecido com você. ─ O que te disse o Wheaton?
─ Ah não, Michael, não vou deixar que vocês acertem as agulhas com a
história que andam a contar. O que aconteceu? Quero a verdade.
Michael contou-lhe.
Meu Deus do céu! Não podias ficar escondido e esperar que resolvessem as
coisas? Tinhas de te aventurar? De te armar em herói e arriscar a vida?
─ Não me estive a armar em herói, Elizabeth. Reagi a uma situação. Fiz
aquilo para que me treinaram e devo ter conseguido salvar algumas vidas. ─ Então
parabéns. O que queres que eu faça? ─ A voz tremia com a emoção. ─ Que me
levante e seja a primeira a aplaudir por quase ter feito de mim uma viúva?
─ Eu não fiz quase de ti uma viúva.
─ Michael, eu ouvi um estranho na televisão dizendo que um terrorista te
apontou uma arma e que você conseguiu matá-lo antes que ele te matasse. Não me
minta.
─ Não foi assim tão dramático.
─ Então por que o matou?
─ Porque não tinha alternativa. ─ Michael hesitou. ─ E porque merecia
morrer. Há vinte anos que persigo pessoas como estas, mas nunca as tinha visto em
ação. Hoje tive essa oportunidade. Foi pior do que imaginei.
Michael não estava em busca de compreensão, mas as suas palavras
atenuaram a ira da esposa.
─ Oh, sinto tanto. Mas como está você, afinal de contas? ─ perguntou
Elizabeth.
─ Estou bem. Quase quebrei a mão esmurrando o cara, e devo ter batido
como o joelho em algum lugar, porque dói como o diabo. Mas de resto estou bem.
─ É bem feito ─ replicou, ao que acrescentou rapidamente ─, mas vou dar
beijinhos em todo lugar, quando chegar em casa, amanhã.
Michael hesitou. Elizabeth tinha o radar em potência máxima.

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