A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Você volta amanhã, não volta?
─ Surgiu um imprevisto. Tenho de passar aqui mais um dia.
─ "Surgiu um imprevisto." Então, Michael, consegue fazer melhor do que
isso.
─ É verdade. Quem me dera poder dizer do que se trata, mas não posso.
─ Seja o que for, por que não pode ser outra pessoa a tratar do assunto?
─ Porque só eu é que posso. ─ Michael fez uma pausa. ─ Mas há uma coisa
que posso dizer: foi o Presidente em pessoa que me deu as ordens.
─ Não me interessa quem te deu as ordens! ─ retorquiu Elizabeth. ─
Prometeu que voltaria a tempo. Agora quebra essa promessa.
─ Elizabeth, o caso não está nas minhas mãos.
─ Uma porra! Está tudo nas suas mãos. Você faz exatamente o que quer.
Sempre fez.
─ É só mais um dia e depois regresso. Vou direto a Nova York. Chego a
tempo da implantação.
─ Michael, não quero que se incomode. Por que não fica em Londres mais
um dia ou dois? Vai ao teatro, ou algo assim.
─ Isso não é justo, Elizabeth, e não está ajudando.
─ Pode crer que não é justo.
─ Não posso fazer nada.
─ Faça o que fizer, Michael, não precisa voltar às pressas por minha causa,
pois não sei se quero te ver.
─ O que está a dizendo?
─ Não sei o que estou dizendo. Estou zangada, magoada e desapontada
com você. E estou com medo, e nem acredito que você vai me obrigar a passar por
isso sozinha.
─ Não tenho escolha, Elizabeth. É o meu trabalho. Não tenho escolha.
─ Tem sim, Michael. Tem escolha. E isso é o que mais me assusta.
Ficou em silêncio por um instante, o zumbido da ligação por satélite era o
único som em linha. Michael esgotara o que dizer. Queria dizer que a amava, o
quanto lamentava, mas isso parecia tolo.
─ Quando estávamos ao telefone, em Heathrow, antes do ataque ─ disse
Elizabeth, por fim ─, disse que queria contar uma coisa.
Michael filtrou a confusão e a violência do atentado em Heathrow e
percebeu que estivera prestes a contar o que descobrira sobre Sarah. Não queria
piorar a situação dizendo a Elizabeth que investigara a morte da antiga amante.
─ Não me lembro do que estávamos falando ─ disse.
Elizabeth suspirou.

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