A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Meu Deus, que péssimo mentiroso. Sempre pensei que os espiões fossem
bons em enganar as pessoas. ─ Fez uma pausa, à espera que o marido dissesse
alguma coisa, mas ele não tinha mais nada a dizer. ─ Boa sorte amanhã, para aquilo
que vai fazer. Eu te amo.
A ligação caiu. Michael voltou a ligar rapidamente mas, quando o telefone
começou a chamar, apenas ouviu o ruído irritante do sinal de ocupado. Voltou a
tentar mas nada conseguiu, por isso desligou o telefone e desceu para enfrentar o
jantar de Helen.
─ Talvez fosse melhor pedir a Carter para enviar outra pessoa ─ sugeriu
Graham.
Estavam sentados lá fora, no jardim, em volta de uma mesa de ferro
forjado, fumando os cigarros de Graham. A chuva parara e a Lua ia brilhando
através dos farrapos de nuvens.
─ Não podemos enviar mais ninguém. Eles pediram que fosse eu.
Conhecem o meu rosto. Se tentarmos enviar outra pessoa, vai tudo por água
abaixo.
─ Já pensou que pode cair direitinho numa armadilha? Vivemos tempos
perigosos. A Espada de Gaza pode querer abater um homem dos serviços,
sobretudo depois do que fez hoje em Heathrow.
─ Não ganham nada em me matar. Sabe tão bem quanto eu que eles não
matam indiscriminadamente. Fazem por uma razão e só quando acreditam que
isso poderá promover sua causa.
─ Imagino que Elizabeth não esteja nada satisfeita com a situação.
─ Você pode imaginar. Ela não sabe o que vou fazer amanhã, mas não anda
contente. ─ Michael contou tudo. Mesmo que a natureza do seu trabalho por vezes
exigisse discrição profissional, havia muito poucos segredos pessoais entre eles.
─ Espero que saiba o que está fazendo, companheiro. Parece bem grave.
─ Neste momento não preciso de um conselheiro matrimonial. Sei que
estou me arriscando, mas quero ouvir o que o Awad tem a dizer.
─ Minha experiência com esses sacanas sugere que não vai dizer nada de
útil.
─ Não me arriscaria se não tivesse alguma coisa para nos dizer.
─ Por que não apanhas o filho da mãe e o mete na prisão? Ou melhor ainda,
trata do seu desaparecimento conveniente.
─ É tentador, mas nós não funcionamos assim. Além disso, o único
resultado seria uma resposta com mais violência.
─ Não podem fazer nada mais violento do que o atentado de hoje, meu
caro.

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