Na manhã seguinte, Michael levantou-se antes de amanhecer e vestiu-se
sem fazer barulho no quarto horrível da casa de segurança. Estava tudo silencioso
exceto pelo ronco do trânsito matutino perto de Paddington Station e pela
tagarelice dos guarda-costas de Wheaton no quarto ao lado. Bebeu um café
instantâneo abjeto por uma caneca lascada, mas ignorou um prato de croissants
duros. Regra geral, Michael estava calmo antes de um encontro, mas agora sentia-
se nervoso e irritadiço, tal como se sentira quando era um recruta calouro, enviado
para o campo pela primeira vez, depois do curso de treino na Quinta. Era raro
fumar antes do meio-dia, mas já ia no segundo cigarro. Dormira pouco, agitado na
cama de solteiro encovada, perturbado pela zanga com Elizabeth. Em grande parte,
o seu casamento sempre fora calmo, livre das discussões e tensão constantes que
afligiam tantos casamentos da Agência. Pequenas altercações abalavam-nos
profundamente. Uma batalha como a da véspera, com ameaças de vingança, era-
lhes estranha.
Vestiu um colete à prova de bala por cima da blusa de gola alta fina e enfiou
uma blusa de lã cinzenta. Pegou no telefone e marcou uma última vez o número do
apartamento na Quinta Avenida. Continuava ocupado. Pousou o receptor no
descanso e saiu. Wheaton estava à espera lá em baixo, na beira, no banco traseiro
de um sedan anônimo da Agência. Foram até Charing Cross, Wheaton discursando
monotonamente sobre as regras para o encontro com a intensidade de alguém que
passara uma carreira em segurança, preso a uma secretária.
─ Se não for o Awad, em nenhuma circunstância deve prosseguir com o
encontro ─ avisou Wheaton. ─ Espere que o barco chegue a Calais e nós tiramo-lo
de lá. ─ Não estou a entrar em território inimigo ─ disse Michael. Se o Awad não
aparecer, apanho o próximo ferry para a Grã-Bretanha.
─ Permaneça alerta ─ continuou Wheaton, ignorando o comentário de
Michael. ─ A última coisa de que precisamos é que vá de encontro a um verdadeiro
crente da Espada de Gaza com uma chave de madeira em volta do pescoço. Regra
geral, os membros da espada de Gaza., e muitos outros terroristas islâmicos,
usavam uma chave de madeira por baixo da roupa durante missões suicidas, pois
acreditavam que os seus atos seriam recompensados com o martírio e um lugar no
céu.
─ Carter não quer que vá desprotegido ─ indicou Wheaton. Abriu uma
pequena mala e retirou de lá de dentro uma potente
pistola automática Browning com um carregador de quinze balas, a arma
regulamentar da Agência.
─ O que devo fazer com isto? ─ perguntou Michael. Como muitos agentes
de casos, podia contar pelos dedos de uma mão as vezes que levara uma arma no
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1