A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Sei que fuma Marlboro Lights, mas talvez estes sirvam, sim? A sua esposa
fuma Benson and Hedges, não é? Chama-se Elizabeth Cannon-Osbourne e exerce
advocacia numa daquelas firmas importantes de Washington. O senhor vive na N
Street, em Georgetown. Está a ver, senhor Osbourne, temos os nossos próprios
serviços secretos e de segurança. E recebemos muitas ajudas dos nossos amigos em
Damasco e em Teerã, claro está.
Michael aceitou o Dunhill e virou-se a favor do vento para o acender.
Quando Awad levantou a mão para acender o seu próprio cigarro, Michael viu o
detonador na palma da mão direita.
─ Já percebi, Ibrahim ─ disse Michael.
─ Sei que foi uma demonstração entediante, mas só a fiz para enfatizar que
não desejo qualquer mal nem a si, nem à sua família. O senhor não é meu inimigo
e não tenho tempo nem recursos para lutar contra si. ─ Então para que os
explosivos presos à cintura?
─ Num negócio como este, é preciso tomar precauções.
─ Nunca me pareceu do tipo suicida.
Awad sorriu e soprou o fumo pelas narinas esculpidas.
─ Sempre acreditei que era mais útil a Alá vivo do que morto. Além disso,
não temos falta de voluntários para missões de martírio. Creio que passou algum
tempo no Líbano quando era criança. Sabe as condições em que vive o nosso povo.
A opressão pode gerar loucura, senhor Osbourne. Há miúdos que preferem morrer
a passar uma vida inteira acorrentados.
Michael olhou para o lado esquerdo e viu a mulher do comboio encostada
ao parapeito, a seis metros de distância, a fumar, os olhos vagueando pelo ferry.
─ Pensei que acreditassem que o lugar de uma mulher era em casa, oculta
por um chador ─ comentou Michael, olhando para a moça.
─ É uma pena, mas por vezes este negócio exige os serviços de uma mulher
talentosa. Para os objetivos desta conversa, ela chama-se Odette. É palestina e
muito boa a manejar a arma. Os velhos serviços de segurança da Alemanha
Ocidental davam ordens para abater primeiro as mulheres. No caso de Odette, esse
seria, de fato, um excelente conselho.
─ Agora já nos apresentamos todos ─ disse Michael ─, que tal irmos diretos
ao assunto? Porque quis conversar?
─ O ataque de ontem em Heathrow foi obra da Espada de Gaza.
Organizamos o ataque para vingar os vossos ataques aéreos ridículos contra os
nossos amigos na Líbia, na Síria e no Irã. Ontem o senhor foi o herói, senhor
Osbourne. A sua presença foi coincidência, garanto-lhe. Sinceramente, quem me
dera que os tivesse morto aos dois. Os homens detidos deixam-me sempre um

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