A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Michael reconhecia-o, de fato. Eric Stoltenberg trabalhara para o Ministério
da Segurança Interna da Alemanha de Leste, melhor conhecido como o Stasi.
Trabalhava para o Departamento XXII, que conduzia operações de apoio levadas a
cabo pelo Stasi a movimentos de libertação nacional por todo o mundo. O seu
portfólio incluía terroristas conhecidos, como Abu Nidal, Carlos, o Chacal, e
grupos como o IRA e a ETA espanhola. Michael examinou as fotografias: dois
homens sentados a uma mesa de tampo cromado, no Groppi's Café, um de cabelo e
pele escuros, o outro louro e de pele clara, ambos com óculos-de-sol.
Michael estendeu as fotografias a Awad.
─ Fique com elas ─ disse Awad. ─ São uma oferta minha.
─ Elas não provam nada.
─ Como provavelmente será do seu conhecimento, Eric Stoltenberg teve de
arranjar trabalho noutro lado ─ continuou Awad, ignorando o comentário de
Michael. ─ Depois da queda do Muro, os alemães queriam a sua cabeça porque ele
ajudou os líbios a bombardear o clube noturno LaBelle, em Berlim Ocidental, em



  1. Desde aí que Stoltenberg tem vivido no estrangeiro, utilizando os antigos
    contatos da Stasi para fazer dinheiro seja de que maneira for: segurança,
    contrabando, esse tipo de coisas. Há pouco tempo, ganhou uma bela quantia e não
    escondeu isso lá muito bem.
    O iate aproximara-se mais do ferry. Michael olhou para Awad.
    ─ Mahmoud realizou o ataque e Stoltenberg deu uma ajuda com a logística:
    o Stinger, os barcos, a rota de fuga. ─ Michael brandiu as fotografias. ─ Isto é tudo
    mentira, pois tem medo que voltemos a atacar.
    Awad sorriu com um charme considerável.
    ─ Boa tentativa, senhor Osbourne, mas o senhor conhece a Espada de Gaza
    melhor do que isso. Sabe que não tínhamos qualquer motivo para fazer explodir
    um avião americano e sabe que outra pessoa o fez. No entanto, não tem provas. Se
    eu estivesse no seu lugar, procuraria mais perto de casa.
    ─ Está a dizer que sabe quem é o culpado?
    ─ Não, estou apenas a dizer que deve fazer a si mesmo algumas perguntas
    simples. Quem ganharia mais com isso? Quem teria motivos para fazer uma coisa
    daquelas e manter a sua identidade secreta? Os homens que o fizeram têm muito
    dinheiro, e recursos enormes ao seu dispor. Juro-lhe que não fomos nós. Se os
    Estados Unidos não retaliarem por causa de Heathrow, isto acaba aqui. Mas se
    voltarem a atingir-nos, não teremos outra alternativa a não ser ripostar. É essa a
    natureza do jogo.
    O iate encontrava-se agora a cinquenta metros a bombordo do ferry.
    Michael viu dois homens no alto da ponte volante e um terceiro perto da proa.

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