A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

depois respondeu.
─ Sim, Elizabeth. Ele estava numa missão e alguma coisa correu mal.
Ficaremos a saber mais pormenores quando ele chegar à embaixada de Londres. ─
Está ferido?
Ele está ótimo.
─ Graças a Deus.
─ Telefono-te quando souber mais.
Ao anoitecer, o helicóptero pousou num heliporto da Thameside em West
Londres. Dois carros da embaixada aguardavam-nos. Wheaton e Michael entraram
no primeiro, os autômatos de Wheaton seguiram no segundo. Viraram para
Vauxhall Bridge e passaram pelo feio edifício moderno que funcionava como sede
do MI6. Lá se foi a toca disfarçada de George Smiley em Cambridge Circus, pensou
Michael. Agora, a sede dos Serviços chegara mesmo a aparecer num filme do James
Bond.
Daqui a alguns minutos, o seu amigo Graham Seymour vai ter uma
recepção agreste naquele edifício ─ informou Wheaton. ─ Falei com o Diretor-
Geral de Calais. Nem é preciso dizer que ele não ficou satisfeito. Também me deu
uma notícia que terá de esperar até estarmos atrás de portas fechadas. Michael
ignorou o comentário. Wheaton parecia sempre retirar demasiado prazer da
infelicidade profissional dos colegas. Subira através do direktorado soviético,
quando o pai de Michael era um alto comando em Langley, e trabalhara em
Istambul e Roma. A sua tarefa era recrutar oficiais do KGB e diplomatas soviéticos,
mas revelou-se de tal forma incapaz que depressa recebeu uma série de relatórios
sobre a sua inaptidão deplorável, um deles redigido pelo pai de Michael. Wheaton
foi transferido para a sede, onde prosperou na atmosfera falsa e oligárquica de
Langley. Michael sabia que Wheaton lhe guardava rancor por causa do pai, ainda
que o péssimo relatório de aptidão provavelmente lhe tivesse acabado por salvar a
carreira. Chegaram a Grosvenor Square. Wheaton e Michael entraram na
embaixada lado a lado, com os homens de Wheaton no seu encalço. Michael tinha a
estranha sensação de estar preso. Wheaton dirigiu-se de imediato à sala segura de
teleconferências. Assim que Wheaton e Michael se sentaram nas sumptuosas
cadeiras de pele preta, Carter e Monica Tyler apareceram no ecrã.
─ Fico contente por ver que está bem, Michael ─ disse Monica.
─ Passou uns dias bastante desgastantes. Temos muito que falar, por isso
vamos começar pela pergunta óbvia. O que correu mal?
Durante dez minutos, Michael relatou cuidadosamente o que acontecera a
bordo do ferry: Awad, a moça palestina chamada Odette, o iate e o atirador.
Descreveu o tiroteio, as balas a atravessarem o corpo de Awad, cravando-se no seu

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