A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

eu nem sequer teria tempo de agir. E quando o tiroteio começou, ela foi atrás do
atirador primeiro, não de mim.
─ Mas acabou por ir atrás de si.
─ Sim, mas só depois de Awad detonar os explosivos. Acho que ela pensou
que o atirador era dos nossos.
─ Viu o rosto dele?
─ Não, tinha a cabeça coberta por uma balaclava.
Monica inclinou-se e segredou ao ouvido de Carter. Este levantou as mãos e
passou-as pela cabeça e pelo rosto. Michael percebeu que estava a explicar a Monica
o que era uma balaclava. Monica ficou em silêncio por alguns instantes, observando
as mãos, e depois continuou.
─ O que lhe disse Awad antes de os problemas começarem? Michael narrou
a conversa, não omitindo qualquer pormenor.
Fora treinado para memorizar grandes quantidades de informação e,
quando trabalhava no campo, possuía uma capacidade lendária para reproduzir
transcrições quase textuais de encontros com agentes. Carter costumava chamar-
lhe "o Dictafone humano". Michael contou-lhes tudo o que Awad dissera, sobre
Heathrow, sobre os ataques aéreos, sobre a expulsão de Hassan Mahmoud do
grupo, com uma omissão notória. Não lhes falou nas fotografias do encontro de
Mahmoud com Eric Stoltenberg, no Cairo.
─ Acha que ele estava a dizer a verdade? ─ perguntou Monica.
─ Sim, acho que sim ─ respondeu Michael, sem qualquer hesitação. ─
Sempre fui céptico no que diz respeito à reivindicação da Espada de Gaza. Não fiz
segredo disso. Mas se não foi a Espada de Gaza, quem foi? E por que fariam uma
reivindicação falsa?
E quem diabo tentou matar Muhammad Awad e a mim, a bordo daquele
ferry?
Carter e Monica conferenciaram baixinho por um instante. Wheaton lançou
a
Michael um olhar professoral por cima dos óculos de leitura em forma de
meia-lua, como se Michael acabasse de dar a resposta errada a uma pergunta
crucial num exame oral.
─ Há outra coisa sobre a qual temos de conversar com você, Michael ─ disse
Monica. Em seguida, acrescentou muito séria: ─ É de natureza muito grave. ─ Algo
no tom de voz enervou Michael de imediato.
─ Esta manhã, um agente do SIS britânico fez uma visita a um desertor
chamado Ivan Drozdov. Parece que Drozdov faltou à apresentação semanal, algo
que nunca faz, e o SIS ficou preocupado. O agente arrombou a casa dele e

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