A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

cigarro aceso de um comprimento adequado para um anúncio numa revista cara.
Os olhos tinham a cor da água do mar no Inverno, a boca era pequena e cruel.
Vivia sozinho 250 em St. John's Wood com um rapaz da Sociedade que o
protegia e uma moça bonita que tratava da papelada e cuidava dele. Nunca casara,
não tinha filhos, nem familiares conhecidos. Os engraçadinhos nos Serviços
costumavam dizer que tinha sido encontrado no início da meia-idade, dentro de
um cesto, nas margens do Tamisa, vestido com um terno de riscas brancas, gravata
Guarás e sapatos feitos à mão.
Desligou a televisão e olhou pela janela, observando a noite londrina
passar. Não havia nada que detestasse mais do que o fracasso, nem mesmo a
traição. Esta exigia inteligência e inexorabilidade, o fracasso apenas estupidez ou
falta de concentração. Tinham sido dados todos os recursos necessários aos
homens que enviara naquela missão no ferry para garantir o sucesso e, contudo,
eles tinham falhado. Michael Osbourne era obviamente um adversário digno de
respeito, um homem de talento, inteligência e engenho. Osbourne era bom, o seu
assassino teria de ser melhor.
O carro parou à porta da casa. O motorista, um antigo membro de elite dos
Comandos Especiais Aerotransportados, acompanhou o Diretor até a porta,
esperando que este entrasse. A moça estava à espera, uma jamaicana escultural cor
de café chamada Daphne. Trazia vestida uma blusa branca, desabotoada até a
elevação dos seios fartos, e uma saia preta que lhe dava pelo meio das coxas nuas.
O cabelo castanho-alourado caía-lhe sobre os ombros quadrados.
─ O senhor Elliott está ao telefone do Colorado, senhor ─ informou ela.
Havia uma nota do ritmo melodioso da índia Oriental na sua voz, tendo o Diretor
gasto milhares de libras em terapia da fala para o eliminar. Eram permitidos nomes
dentro da residência Mayfair, pois era revistada regularmente em busca de escutas,
e as paredes eram impermeáveis a microfones direcionais exteriores.
O Diretor foi para o escritório e carregou na luz intermitente do seu
telefone preto multilinhas. Daphne entrou, despejou um centímetro de scotch de
trinta anos para dentro de um copo e entregou-lho. Permaneceu no escritório
enquanto a conversa decorria, pois não existiam segredos entre eles.
─ O que é que correu mal? ─ perguntou Elliott.
O senhor Awad trouxe proteção, tal como o senhor Osbourne. E, ainda por
cima, ele é mesmo bom.
─ Tem de ser eliminado, sobretudo depois do que ficou a saber esta manhã,
naquele ferry.
─ Sei muito bem disso, senhor Elliott.
─ Quando tenciona realizar outro ataque?

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