─ Que pena ─ disse ela. ─ Posso?
─ Se quiser.
─ O senhor é um tonto. Quer ajudar ou só ver?
─ Só ver ─ respondeu ele, acendendo um cigarro.
Meteu a mão entre as coxas. Arquejou com força, lançou a cabeça para trás
e fechou os olhos. Durante os dez minutos seguintes, tomou-a da única forma
possível, com os olhos, mas, passado algum tempo, a sua mente começou a
vaguear. Pensou em Michael Osbourne. No assassínio fracassado no ferry. No
homem chamado Outubro. Seria uma luta interessante. Um deles não iria
sobreviver. Se fosse Osbourne a morrer, a Sociedade subsistiria e Mitchell Elliott
ganharia os seus bilhões. Se fosse Outubro... O Diretor estremeceu com esse
pensamento. Trabalhara muito e durante demasiado tempo para que tudo ruísse.
Estava demasiado em jogo, investira-se demasiado, para que agora terminasse em
fracasso.
Voltou a fitar Daphne e encontrou os seus olhos castanhos fixos nele. Tinha
o olhar direto e aberto de uma criança.
─ Esteve longe durante alguns minutos ─ comentou.
A surpresa atravessou-lhe o rosto. Daphne despojava-o de todas as suas
velhas defesas.
─ Eu também olho, sabe. Quero saber se estou a fazê-lo feliz.
─ Fazes-me muito feliz.
─ Está tudo bem, amor??
─ Está tudo ótimo.
─ Tem certeza?
─ Sim, certeza absoluta.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1