A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

WASHINGTON, D. C.


Elizabeth Osbourne passara a semana com receio daquele momento.
Entrou com o Mercedes prateado no estacionamento do Georgetown University
Medical Center e encontrou um lugar perto da entrada. Olhou para o relógio do
painel. Quatro e meia. Estava quinze minutos adiantada. Desligou o motor. Uma
tempestade tropical deslocara-se do Golfo do México e instalara-se sobre a cidade.
Chuvadas fortes marcaram a tarde. Rajadas de vento arrancaram árvores por todo o
noroeste de Washington, levaram ao encerramento do National Airport e afastaram
os turistas dos monumentos e dos museus.
A chuva martelava no tejadilho e corria em rios pelo para-brisa. No instante
seguinte, o resto do mundo desapareceu atrás de uma cortina de água. Elizabeth
apreciava a sensação de não conseguir ver mais nada à sua volta. Fechou os olhos.
Gostava de imaginar poder mudar de vida, abrandar o ritmo, deixar Washington e
instalar-se com Michael em algum sítio calmo e tranquilo. Sabia que era um sonho
tolo e nada realista. Elizabeth Osbourne era uma das mais respeitadas advogadas
de Washington. O marido, que dizia ser consultor comercial internacional, era um
dos oficiais mais graduados da Central Intelligence Agency.
O celular tocou baixinho. Ainda de olhos fechados, pegou no aparelho e
atendeu: ─ Sim, Max.
Max Lewis era o seu secretário executivo de vinte e seis anos. Na noite
anterior, sozinha no quarto com um copo de vinho e uma pilha de relatórios,
Elizabeth apercebera-se de que era com Max que mais falava.
O fato deixara-a bastante deprimida.
─ Como sabias que era eu? ─ perguntou Max.
─ Tu e o meu marido são as únicas pessoas que conhecem este número, e
sabia que não podia ser ele. ─ Pareces desapontada.
─ Não, apenas um pouco cansada. O que foi?
─ O David Carpenter está a ligar de Miami.
─ Diz ao senhor Carpenter que lhe telefono assim que chegar a casa. A
experiência diz-me que as conversas com o David Carpenter não devem ser
mantidas ao celular. ─ Ele diz que é urgente. ─ Normalmente é o caso.
─ A que horas lhe digo que telefonas?
─ Por volta das sete, mas talvez me atrase um pouco, dependendo de como
as coisas corram por aqui.
─ O secretário do Braxton telefonou.

Free download pdf