Samuel Braxton era o sócio-gerente da Braxton, Auworth & Kettlemen, e o
maior angariador de negócios da firma. Servira duas administrações republicanas,
uma delas como chefe de gabinete adjunto da Casa Branca e outra como secretário
adjunto do Tesouro, e era um dos nomes prováveis para Secretário de Estado, caso
Beckwith fosse eleito para um segundo mandato. Via Elizabeth com desconfiança,
pois não gostava das suas cores políticas. O pai dela era Douglas Cannon, um
democrata liberal de Nova York que cumprira dois mandatos no Senado, e
Elizabeth saíra por duas vezes da firma para trabalhar com senadores democratas.
Braxton referia-se habitualmente a ela como "a esquerdista cá da casa". Quando
durante as reuniões questionava os vários elementos presentes, regra geral
conseguia arrancar gargalhadas virando-se para Elizabeth e dizendo: "E agora
Elizabeth Cannon-Osbourne, com o ponto de vista da ACLU."
_ACLU é sigla de American Civil Liberties Union, União Americana das
Liberdades Civis._
O conflito com Samuel Braxton tinha ainda um lado mais sério. Braxton
batera-se para impedir que Elizabeth fosse aceita como sócia, cedendo apenas
quando os demais sócios o convenceram de que a empresa se veria a braços com
um processo por discriminação sexual. Agora, três anos depois, a relação entre os
dois assumira os contornos de trégua periclitante. Em geral, Braxton tratava-a com
respeito e esforçava-se verdadeiramente por consultá-la em todas as principais
decisões sobre o futuro da firma. Convidava-a com regularidade para
acontecimentos sociais e, no ano anterior, na festa de Natal da Casa Branca,
referira-se a ela como "uma das nossas estrelas", ao apresentá-la ao Chefe de
Gabinete Paul Vandenberg.
─ O que deseja Lorde Braxton, Max?
Max riu. Elizabeth confiava-lhe a vida, e o sentimento era mútuo. Seis
meses antes, Max contara-lhe algo que não dissera a mais ninguém: era
soropositivo. ─ Sua Senhoria deseja que estejas presente num jantar, quinta-feira à
noite. ─ Vai realizar-se no solar?
─ Não, vai ser organizado por um dos clientes importantes dele. O
secretário de sua Senhoria deu a entender que a tua presença não era opcional.
─ Quem é o cliente?
─ Mitchell Elliott.
─ O Mitchell Elliott da Alatron Defense Systems?
─ O próprio.
─ Onde vai ser o jantar?
─ Na casa de Elliott, em Kalorama. Mais exatamente na Califórnia Street.
Tens uma caneta à mão?
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1