A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

elétrico. Abriu-o e iluminou-o. O interruptor principal era o maior. Puxou-o para
baixo e cortou a luz na casa inteira. O sistema de alarme funcionava a pilhas, por
isso permaneceria funcional. Pôs o alarme em modo silencioso.
Seguiu o raio de luz escadas acima e regressou à cozinha. Na parede, ao
lado do telefone, ficava uma caixa de intercomunicação para o portão principal. O
intercomunicador funcionava com o sistema telefônico e o portão possuía uma
fonte de eletricidade autônoma. Carregou num botão e foi rapidamente para junto
de uma janela da sala com vista para o relvado. Lá fora, no topo da propriedade, viu
o portão de metal a correr, abrindo-se.
A casa de hóspedes parecia um frigorífico. Elizabeth não se recordava da
última vez que alguém ali estivera. O termostato estava regulado no nível mais
baixo, para evitar que os canos rebentassem devido ao gelo. O vento açoitava o
telhado de ripas e batia de encontro às janelas que davam para Shelter Island
Sound. Algo raspou no lado da casa. Elizabeth soltou um pequeno grito e depois
percebeu que se tratava apenas do velho carvalho que trepara inúmeras vezes em
criança. Não era a casa dos hóspedes. No léxico da família Cannon, era conhecida
como a casa de Elizabeth. A casa era confortável e estava modestamente mobilada.
O chão era feito de madeira clara e, na sala de estar, mobiliário rústico encontrava-
se disposto em redor da grande janela com vista para o porto. A cozinha era
minúscula, apenas um pequeno frigorífico e um fogão com dois bicos, e o quarto
era simples. Quando era pequena, a casa era dela. Se a casa principal se encontrava
repleta com o pessoal do pai, ou com alguma delegação de um país estranho,
Elizabeth ia para ali, a fim de se esconder entre os seus haveres. Adorava a casa,
cuidava dela, passava nela noites de Verão. Fumou o primeiro charro na casa de
banho e perdeu a virgindade no quarto.
Pensou: Se eu pudesse escolher um sítio para morrer, seria aqui.
Soprou as mãos e apertou os braços em redor do corpo para se proteger do
frio. Num gesto reflexo, tocou no baixo-ventre.
Mais uma vez, pensou: Será que os bebês estão bem? Meu Deus, faz com
que estejam bem!
Foi até a janela e espreitou lá para fora. Uma mulher alta estava a correr em
direção à casa, de arma na mão. Distinguiu suficientemente o rosto dela para
perceber que era a mesma pessoa que a perseguira em Washington. Afastou-se da
janela e quase tombou sobre uma poltrona.
É a mim que ele quer, não a você.
Soube que Michael estava mentindo. Iriam usá-la para chegar a Michael,
mas também a matariam. Da mesma forma que tinham matado Max. Da mesma
forma que tinham matado Susanna.

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