A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Não, por favor, não faça isso ─ pediu Elizabeth. ─ Não me obrigue a
voltar a fazer a mesma coisa.
Astrid olhou para ela e depois para a flecha na garganta. O carregador caiu-
lhe das mãos. Respirou fundo duas vezes. O sangue gorgolejava-lhe na garganta.
Por fim, o seu olhar ficou inexpressivo.
Elizabeth caiu de joelhos e vomitou violentamente.
Michael, de volta à cave, podia ouvir os passos de Outubro no piso de cima,
deslocando-se cuidadosamente por entre os móveis da sala de estar. Michael sabia
que Outubro seria metódico e cuidadoso. Revistaria a casa, divisão a divisão, até
encontrar o seu alvo. Para sobreviver, Michael teria, mais uma vez, de ser mais
inteligente do que
Outubro, tal como o fora no caminho para peões, na Virgínia. Outubro
encontrava-se em território desconhecido. Michael seria capaz de andar pela casa
de olhos fechados. Utilizaria isso em seu proveito. Outubro saíra da sala de estar
para a cozinha.
─ Tenho a sua mulher, senhor Osbourne. Se aparecer agora, desarmado,
com as mãos no ar, nada de mal lhe acontecerá. Se me obrigar a persegui-lo como a
um animal, mato-a também.
Michael não respondeu, limitando-se a escutar o avanço de Outubro através
do primeiro piso da casa.. Passado um instante, Outubro disse: >
─ Também me lembro daquela noite em Londres, senhor Osbourne.
Lembro-me do som dos seus gritos junto ao rio. Ela era uma mulher linda. Deve tê-
la amado muito. Foi uma pena ter de morrer. Foi a primeira e única mulher que eu
alguma vez matei, mas não hesitarei em matar a sua mulher, caso insista neste
disparate. Entregue-se ou ela morrerá com você.
Michael sentiu a fúria crescer dentro de si. O simples fato de ouvir a voz
daquele homem passados tantos anos enchia-o de horror. Tentou reprimir o que
sentia, pois sabia que essa era exatamente a reação que Outubro estava a tentar
instigar. Se perdesse a cabeça, se agisse com emoção em vez de inteligência,
morreria. Também sabia que Outubro não tinha qualquer intenção de permitir que
Elizabeth vivesse.
─ Deve ter sofrido muito, ao perder a sua amante daquela maneira, abatida
como um cão, mesmo à frente dos seus olhos ─ continuou Outubro. ─ Ouvi dizer
que tiveram de o arrancar do campo e enviá-lo de volta à sede. Ouvi dizer que foi a
sua desgraça. Imagine só como se irá sentir se eu matar outra das suas mulheres.
Não desejará viver depois disso, garanto-lhe. Por isso entregue-se, senhor
Osbourne. Facilite-nos a vida aos dois.
Michael ouviu um grito vindo da casa de hóspedes: um grito de Elizabeth.

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