A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Fique onde está, Elizabeth ─ gritou!
Outubro agachou-se e deu meia volta. O braço ergueu-se. Michael disparou
vários tiros com a Browning, mas todos eles voaram por cima da cabeça de
Outubro. O assassino disparou três vezes através da escuridão. Um dos tiros
atingiu o alvo, rasgando o lado direito do peito de Michael.
A Browning caiu-lhe da mão e retiniu ao longo da doca. Michael caiu de
costas. Tinha o braço direito dormente e depois sentiu uma dor intensa e
excruciante no peito.
A chuva batia-lhe no rosto. Os ramos das árvores contorciam-se sob o vento
e, no seu delírio, Michael pensou que eram mãos gigantes rasgando seu corpo.
Deslizou para a inconsciência.
Viu Sarah caminhando em sua direção na Represa de Chelsea, a saia
comprida dançando sobre as botas de camurça. Viu o rosto desfeito. Ouviu a voz de
Elizabeth, chamando-o de muito longe, incompreensível.
Por fim, ela atravessou a névoa do choque.
─ Michael! Ele está vindo! Michael, por favor, meu Deus! Michael!
Michael levantou a cabeça e viu Outubro avançando lentamente na sua
direção. A Browning estava no cais, a alguns centímetros de distância. Michael
tentou alcançá-la com a mão direita, mas esta não obedecia à ordem para que se
mexesse. Rolou para o lado direito e estendeu a mão esquerda. Sentiu o metal frio
da Browning, a coronha escorregadia devido à chuva. Agarrou-a, colocou o dedo no
gatilho e disparou.
Delaroche viu o clarão na boca da arma de Osbourne. Ergueu a Beretta
quando a primeira série de disparos passaram por ele zumbindo, inofensivos, e fez
pontaria ao corpo de Osbourne, deitado de barriga para baixo. Deu mais um passo.
Queria atingi-lo no rosto. Queria vingar a morte de Astrid. Queria deixar sua
marca.
Osbourne voltou a disparar. Desta vez, uma bala rasgou a mão direita de
Delaroche, estilhaçando osso. A Beretta caiu-lhe da mão e mergulhou nas águas em
turbilhão sob o cais. Olhou para baixo e viu fragmentos de osso saindo do golpe
feio nas costas da mão.
Quis matar Osbourne com a mão boa, partir-lhe o pescoço ou apertar-lhe a
garganta, mas Osbourne ainda tinha sua arma e a polícia entrava no terreno. Deu
meia volta, correu velozmente pelo cais e saltou para o barco. Puxou o codão de
arranque quatro vezes até que o pequeno motor pegou. Desatou a amarra e dirigiu
o barco para longe do cais, em direção a Shelter Island Sound.
Cannon Point estava resplandecente de luzes. As sirenes enchiam o ar.
Acima de tudo, Delaroche ouviu uma coisa: os gritos de Elizabeth Osbourne,

Free download pdf