A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Alatron, Mitchell Elliott era um dos homens mais ricos da América, bem como um
dos mais influentes. Fora confidente de Richard Nixon e de Ronald Reagan. Desde
Robert McNamara que era tratado pelo nome por todos os secretários da defesa.
Podia entrar em contato telefônico com metade dos membros do Senado numa
questão de minutos. Mitchell Elliott era um dos homens mais poderosos de
Washington e, ainda assim, operava constantemente na sombra. Poucos
compatriotas sabiam o que ele fazia, ou sequer conheciam o seu nome.
Sally morrera de cancro da mama há dez anos e os tempos de grandes
investimentos na defesa já pertenciam ao passado. A indústria fora devastada,
milhares de trabalhadores estavam no desemprego e a economia da Califórnia era
um caos. Acima de tudo, Elliott acreditava que a América estava mais fraca na
atualidade do que nos últimos anos. O mundo era um lugar perigoso, algo que
Saddam Hussein provara. O mesmo fizera um terrorista armado com um único
míssil Stinger. Elliott queria proteger a sua pátria. Se um terrorista era capaz de
abater um avião comercial e matar duas centenas de pessoas, o que impedia um
Estado pária como a Coreia do Norte, a Líbia, ou o Irã de matar dois milhões de
pessoas com um míssil nuclear disparado contra Nova York, ou Los Angeles? O
mundo civilizado depositara a confiança em tratados e no controle dos mísseis
balísticos. A confiança de Mitchell Elliott estava reservada ao Todo-poderoso e não
acreditava em promessas redigidas em papel. Acreditava nas máquinas. Acreditava
que a única forma de defender a nação de armas exóticas era com armas ainda mais
exóticas. Nessa noite, teria de defender o seu ponto de vista com o Presidente.
A relação de Elliott com James Beckwith fortalecera-se graças a anos de
apoio financeiro constante e de conselhos sábios. Elliott nunca pedira um único
favor, nem mesmo quando Beckwith se tornara uma força poderosa no Armed
Services Committee, durante o segundo mandato no Senado. Isso estava prestes a
mudar.
Um dos assistentes bateu ao de leve à porta. O seu corpo de assistentes era
recrutado nas fileiras das Forças Especiais. Mark Calahan era como todos os outros.
Tinha um metro e oitenta, sendo alto quanto bastasse para ser imponente, mas não
a ponto de se agigantar sobre Elliott. Tinha cabelo escuro curto, olhos escuros, o
rosto bem escanhoado, e usava terno e gravata sóbrios. Todos andavam sempre
com uma pistola automática .45, pois Elliott acumulara inimigos a par dos seus
milhões, e nunca surgia em público sem proteção.
─ O carro chegou, senhor Elliott.
─ Desço daqui a pouco.
O assistente aquiesceu e retirou-se em silêncio. Elliott aproximou-se mais
do lume e terminou o uísque. Não gostava da ideia de ser convocado. Sairia quando

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