estivesse pronto e não quando Paul Vandenberg lhe dissesse. Se não fosse por
Elliott, Vandenberg estaria ainda a vender seguros de vida. Quanto a Beckwith,
seria um advogado desconhecido de São Francisco, a viver em Redwood City e não
na Casa Branca. Ambos podiam esperar.
Elliott acercou-se do bar com lentidão e serviu-se de mais um dedo de
uísque. Regressou à lareira e ajoelhou-se à frente do lume, a cabeça baixa, os olhos
fechados. Rezou por perdão, tanto pelo que fizera, como pelo que estava prestes a
fazer.
─ Somos o teu povo escolhido ─ murmurou. ─ Sou o teu instrumento. Dá-
me forças para cumprir a tua vontade e a grandeza será tua.
Susanna Dayton sentia-se uma idiota. Só nos filmes é que os jornalistas
ficavam sentados em carros estacionados, a beber café de um copo de plástico,
enquanto faziam vigilância como um qualquer investigador privado. Ao sair da
redação, uma hora antes, não dissera ao editor onde ia. Tratava-se apenas de um
palpite, e podia não dar em nada. Não queria que os colegas soubessem que estava
a perseguir Mitchell Elliott, como um detective de um filme policial de segunda
categoria.
A chuva toldava-lhe a visão. Acionou uma alavanca na coluna de direção e
os limpadores de para-brisas afastaram a água. Limpou o vidro embaciado com um
guardanapo da loja da baixa onde tinha comprado o café. O carro preto continuava
no mesmo sítio, com o motor a trabalhar e os faróis desligados. No primeiro andar
da casa enorme via-se uma única luz acesa. Deu mais um gole no café e aguardou.
Era quase intragável, mas pelo menos estava quente.
Susanna Dayton fora correspondente do Washington Post na Casa Branca, o
auge do poder e do prestígio no mundo do jornalismo americano, mas detestara o
cargo. Odiava ter de enviar todos os dias para a redação basicamente o mesmo
artigo que outras duas centenas de repórteres. Abominava ser conduzida como
gado pelo pessoal do gabinete de imprensa da Casa Branca, gritar perguntas ao
Presidente Beckwith atrás de linhas divisórias, em acontecimentos encenados e
coreografados. Os trabalhos assumiram um tom mordaz, o que levou Vandenberg a
queixar-se com regularidade às altas instâncias do Post. Por fim, o editor sugeriu-
lhe uma nova abordagem, dinheiro e política. Susanna aceitou sem hesitar.
O novo cargo foi a sua salvação. Teria de descobrir que indivíduos,
organizações e empresas davam dinheiro a que candidatos e a que partidos. Teriam
essas contribuições um efeito indesejado sobre a política ou sobre a legislação?
Estariam os políticos e os doadores a seguir as regras? O dinheiro era gasto
devidamente? Estaria alguém a transgredir a lei? Susanna sentia-se realizada com o
trabalho, pois adorava estabelecer as ligações. Sendo uma advogada formada em
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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