A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

Harvard, tornara-se uma jornalista meticulosa e cuidadosa. Aplicava a regra das
provas a quase todas as informações que descobria. Seria admissível em tribunal? É
um testemunho direto ou um boato? Existem nomes, datas e locais que possam ser
confirmados? Existem testemunhos que o corroborem? Preferia documentos a
fugas de fontes anônimas, pois os documentos não podem mudar a sua versão da
história.
Susanna Dayton concluíra que o sistema de financiamento político da
nação se baseava em subornos e pressões organizadas, sancionadas pelo governo
federal. A linha que separava a atividade legal da ilegal era muito tênue. Tomou nas
mãos a tarefa de identificar e denunciar os transgressores. A sua personalidade era
adequada ao trabalho. Odiava os vigaristas que conseguiam levar a sua avante.
Desprezava as pessoas que passavam à frente nas filas do supermercado.
Ficava furiosa quando um condutor agressivo se atravessava à sua frente na
autoestrada. Abominava os indivíduos que procuravam subir à custa dos outros. O
seu trabalho era garantir que eles não seriam bem sucedidos.
Dois meses antes, o editor de Susanna entregara-lhe uma tarefa
complicada: Estabelecer a cronologia da longa relação, financeira e pessoal, entre o
Presidente James Beckwith e Mitchell Elliott, presidente da administração
da Alatron Defense Systems. Os jornalistas utilizam um chavão quando um
indivíduo ou um grupo é esquivo e difícil de investigar: sombrio. Mitchell Elliott
merecera o epíteto "sombrio".
Ao longo dos anos dera milhões de dólares ao Partido Republicano, e um
grupo de proteção dos direitos do cidadão contara-lhe que ele canalizara para o
partido vários outros milhões através de meios questionáveis, ou mesmo
totalmente ilegais. O principal beneficiário da generosidade de Elliott era James
Beckwith. Elliott contribuíra com milhares de dólares para as campanhas e para os
comités de ação política de Beckwith, e servira como conselheiro confidencial
bastante próximo. Um dos antigos executivos de Elliott, Paul Vandenberg, era chefe
de gabinete da Casa Branca. Beckwith era hóspede frequente das casas de férias de
Elliott em Maui e em Vale. Susanna tinha duas questões principais: Teria Mitchell
Elliott feito contribuições ilegais a James Beckwith e ao Partido Republicano ao
longo dos anos? E exerceria uma influência excessiva sobre o Presidente?
Naquele momento, Susanna não tinha respostas para qualquer das
questões. O editor queria publicar o artigo dali a duas semanas, integrado numa
seção especial sobre o Presidente Beckwith e o seu primeiro mandato. Tinha muito
trabalho pela frente, até que estivesse pronto. Mesmo então, Susanna sabia que
pouco mais faria, para além de levantar questões sobre Elliott e sobre a sua relação
com a Casa Branca. Mitchell Elliott fizera um bom trabalho a ocultar o seu rastro.

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