A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

LONDRES


O fax chegou à redação do Times pouco depois da meia-noite, tendo
permanecido na máquina durante quase vinte minutos, até que um jovem
assistente se deu ao trabalho de o ir buscar. O assistente deu-lhe uma vista de
olhos rápida e levou-o ao editor noturno, Niles Ferguson. Sendo um veterano com
uma experiência de trinta anos, Ferguson já vira inúmeros faxes como aquele, do
IRA, da OLP, da Jihad Islâmica e dos malucos que se limitavam a reivindicar a
responsabilidade sempre que alguém morria de forma violenta. Aquele não parecia
obra de um lunático.
Ferguson tinha um número de telefone especial para situações como
aquela. Marcou-o e aguardou. Respondeu-lhe uma voz de mulher, agradável,
vagamente erótica.
─ Fala Niles Ferguson, do The Times. Acabou de chegar um fax bastante
interessante à nossa redação. Não sou perito, mas parece-me autêntico. Talvez lhe
devessem dar uma vista de olhos.
Ferguson fez uma cópia do fax e guardou o original. Levou-o em mão até o
hall e esperou. Cinco minutos depois chegou o carro. Um jovem com marcas de
bexigas e um cigarro entre os lábios entrou no hall e recebeu o fax. Niles Ferguson
voltou à redação.
O homem com marcas de bexigas trabalhava para o Serviço de Segurança
britânico, mais conhecido por MI5, responsável pela contraespionagem, pela
subversão interna e pelo contraterrorismo nas ilhas britânicas. Levou a cópia do fax
até a sede de vidro e aço do MI5 sobranceira ao Tamisa e apresentou-o ao oficial de
serviço responsável.
Este fez rapidamente dois telefonemas. O primeiro foi realizado sem
grande vontade para o seu homólogo do Serviço Secreto de Espionagem, mais
conhecido por MI6, responsável pela recolha de informação no estrangeiro,
considerando-se, por isso mesmo, a mais importante das duas agências. O segundo
telefonema foi efetuado para o oficial de ligação do M15 na generosamente equipe
da Estação de Londres da CIA, situada no interior do complexo da embaixada
americana, em Grosvenor Square.
No espaço de dois minutos, uma cópia da carta era enviada para Grosvenor
Square através de um fax seguro. Dez minutos depois, um datilógrafo introduzira-a
no sistema informático e enviara-a para a sede da CIA, em Langley, na Virgínia. O
sistema informático da agência distribui automaticamente cabogramas baseados
em palavras-chave e em classificações. O cabograma de Londres seguiu para os

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