A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

o que os agentes do FBI sabiam acerca de espionagem cabia na parte de trás dos
distintivos de ouro. Não era esse o caso de McManus, um advogado formado em
Harvard que trabalhara durante vinte anos na contraespionagem do FBI antes de
ser destacado para o Centro.
Tal como era seu hábito, Monica Tyler foi a última a entrar na sala,
exatamente cinco minutos atrasada. Considerava o seu tempo inestimável, nunca
devendo ser desperdiçado com os outros. Um par de factótuns idênticos seguiu-a
em silêncio, cada um deles agarrando com fervor um caderno de reunião
encadernado a pele. Exceto o Departamento de Pessoal, ninguém na Agência sabia
quem eram, ou de onde tinham aparecido. As más-línguas diziam que tinham sido
despachados com Monica da sua firma de investimentos de Wall Street,
juntamente com a casa de banho privada e com a mobília de escritório em mogno.
Eram esguios e ativos, de olhos escuros atentos, e silenciosos como agentes
funerários. Pareciam mover-se num uníssono lento, como executantes de um
bailado subaquático. Uma vez que ninguém sabia os seus nomes verdadeiros,
tinham sido batizados como Tweedledee e Tweedledum. Os detratores de Monica
referiam-se aos dois como os eunucos de Tyler.
McManus e Carter levantaram-se sem entusiasmo quando Monica entrou
na sala. Passou pela figura volumosa de McManus e assumiu o lugar habitual à
cabeceira da mesa, onde podia ver a tela e o apresentador com um movimento
breve da sua cabeça real. Tweedledee depositou um caderno com capa de pele na
mesa à frente dela, como se se tratasse de um documento vetusto, e sentou-se
junto à parede, ao lado de Tweedledum.
─ Monica, este é Michael Osbourne ─ apresentou Carter. Michael passou a
maior parte da carreira a lidar com contraterrorismo e tem vindo a dedicar-se à
Espada de Gaza desde o surgimento do grupo.
Tyler olhou para Michael e aquiesceu, como se tivesse sido informada de
algo que não sabia. Michael tinha noção de que não era o caso. Monica era afamada
por ler os arquivos de qualquer agente com quem estivesse em contato. Dizia-se
que nem sequer se cruzava com um agente junto à máquina de água sem antes ter
lido os atestados de robustez física.
Desviou a atenção de Michael para a tela vazia. O cabelo louro curto tinha
um corte perfeito e a maquilhagem acabara de ser retocada. Vestia um casaco preto
sobre uma blusa branca de colarinho alto. Uma das mãos repousava em cima da
mesa, enquanto a outra segurava uma caneta de ouro, cuja ponta ia mordiscando.
Monica Tyler não tinha vida fora do trabalho, sendo a única caraterística pessoal
que não tentava ocultar dos colegas. O diretor levara-a para a Agência por ela o ter
acompanhado em todos os cargos governamentais que assumira. Não sabia nada

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