A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

vidro. Certo dia, Michael juntara uma bola verdadeira às réplicas. Carter lançara-a
através de uma das paredes, durante uma chamada em conferência com Monica
Tyler e com o Diretor. No dia seguinte, Carter recebeu a conta dos estragos e uma
reprimenda do Departamento de Pessoal.
Ela às vezes dá comigo em doido ─ resmungou Carter em voz baixa. Fora
agente de controle de Michael, quando este trabalhava sem cobertura oficial e não
se podia dirigir às embaixadas. Mesmo naquele momento, em que se
encaminhavam para o estacionamento oeste da sede, agiam como se levassem a
cabo uma troca de informações em ambiente hostil. ─ Ela julga que recolher
informações é tão simples como elaborar um relatório de contas.
─ O Diretor confia totalmente nela, por isso tem de ser tratada com
cuidado. ─ Ouçam só o que ele está a dizer. De repente passaste a ser o típico
agente da sede.
Michael jogou o cigarro para a escuridão.
─ Há qualquer coisa neste atentado que cheira muito mal.
─ Para além do fato de duzentas e cinquenta pessoas terem ido parar ao
fundo do Atlântico?
─ Aquele corpo no barco não faz sentido.
─ Nada disto faz sentido.
─ E não é só isso.
─ Ai, meu Deus. Estava à espera dessa.
─ A forma como o Mahmoud levou três tiros na cara. Pararam de andar.
Carter virou-se e olhou para Osbourne.
─ Michael, deixa-me dar-te um conselho. Esta não é uma boa altura para
voltares a perseguir o teu Chacal.
Caminharam em silêncio até o carro de Michael.
─ Porque é que andas com um Jaguar prateado e moras em Georgetown, e
eu tenho um Accord e moro em Reston?
─ Porque tenho uma reserva melhor e porque sou casado com uma
advogada rica. ─ Tu nem sabes a sorte que tens, Osbourne. Se fosse a ti, tinha
cuidado para não deitar tudo a perder. ─ E o que queres dizer com isso?
Quero dizer que águas passadas não movem moinhos. Vai para casa dormir.
O pai de Michael acabou por vir a odiar a Agência mas, algures na sua vida, quer
fosse sua intenção ou não, incutiu no filho a base do agente de espionagem
perfeito. Michael chamou a atenção da Agência durante o primeiro ano em
Dartmouth. O caçador de talentos era um professor de Literatura Americana que
trabalhara para a Agência em Berlim durante a Segunda Guerra Mundial, e que viu
no estudante universitário desalinhado e de barba a essência de um agente de

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