A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

campo perfeito: inteligência, capacidade de liderança, carisma, atitude e o
conhecimento de várias línguas.
O que o professor não sabia era que o pai de Michael trabalhara no serviço
clandestino e que Michael e a mãe o tinham seguido de destacamento em
destacamento. Aos dezesseis anos já falava cinco línguas. Quando a Agência o
abordou pela primeira vez, Michael rejeitou a proposta. Vira o que o trabalho fizera
ao pai e sabia bem o preço que a mãe pagara por isso.
Mas a Agência queria-o e não desistiu. Michael veio a ceder depois de se
formar, pois não tinha perspectivas de trabalho, nem qualquer ideia melhor. Foi
enviado para Camp Perry, o campo de treinos da CIA nos arredores de
Williamsburg, no estado de Virgínia, mais conhecido como a Quinta. Aí aprendeu a
recrutar e a dirigir agentes. Aprendeu a arte da comunicação clandestina.
Aprendeu a reconhecer a vigilância inimiga. Aprendeu artes marciais e condução
defensiva. Depois de um ano de formação, recebeu uma identidade falsa, um
pseudônimo da Agência e uma missão simples: Penetrar nas mais violentas
organizações terroristas do mundo.
Michael seguiu ao longo da Route 123, virou na George Washington
Parkway e dirigiu-se à cidade. O caminho estava deserto. As árvores imponentes
que flanqueavam a estrada contorciam-se com as rajadas de vento e uma Lua
brilhante deixava-se ver por entre as nuvens. Por instinto, olhou várias vezes para o
espelho retrovisor, com o intuito de garantir que não era seguido. Pisou o
acelerador e o velocímetro marcou cento e dez. O Jaguar acompanhou a suave
ondulação da paisagem. As árvores abriram-se à sua esquerda e o Potomac cintilou
ao luar. Minutos depois surgiram os pináculos de Georgetown. Saiu em Key Bridge
e cruzou o rio para Washington.
A M Street estava deserta, com apenas alguns sem-abrigo a beber em Key
Park e um grupo de alunos de Georgetown a falar no passeio à frente da
reprografia Kinko local. Virou à esquerda para a 33rd Street. A iluminação e as lojas
brilhantes da M Street desapareceram. A casa tinha um estacionamento privado
nos fundos, ao qual se acedia por um beco estreito, mas Michael preferia deixar o
carro na rua, bem à vista. Virou à esquerda para a N Street e encontrou um lugar.
Depois, tal como era seu hábito, observou a frente da casa por um instante, antes
de desligar o motor. Michael gostava de ser agente de campo, da sedução de um
bom recrutamento, da satisfação de uma informação atempada, mas esta era a
parte do trabalho de que não gostava, da ansiedade que sentia de cada vez que
entrava na sua própria casa, do receio de os inimigos conseguirem finalmente
vingar-se.

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