A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

─ Já me disseram isso algumas vezes.
Às dez horas, ligou o rádio para ouvir o noticiário da WCBS.
─ O Presidente James Beckwith diz que já escolheu quem vai ocupar o
Departamento de Estado durante o segundo mandato. Trata-se do amigo de longa
data e aliad político Samuel Braxton, advogado poderoso e destacado de
Washington. Braxton se disse honrado e surpreso com a nomeação.
Elizabeth gemeu ao mesmo tempo em que a voz gravada de Sam Braxton se
fazia ouvir no rádio. Michael passara os últimos dias de campanha embrenhado no
caso mas, tal como grande parte de Washington, encarava a espetacular vitória de
Beckwith com prudência. A corrida à Casa Branca alterara-se no momento em que o
Voo 002 foi abatido, com Andrew Sterling a ser virtualmente eliminado. Nada do
que ele dizia ou fazia captava a atenção dos media, saturados da campanha
interminável e sedentos por uma história mais excitante. O discurso da Sala Oval
selara o desuno de Sterling. Beckwith castigara com celeridade a Espada de Gaza
pelo atentado, fazendo-o de modo decisivo e habilidoso. A iniciativa do sistema de
defesa antimíssil condenara Sterling na Califórnia. Na manhã após o discurso, os
principais jornais californianos publicaram artigos que descreviam o impacto
positivo do programa na economia do estado. O avanço de Sterling na Califórnia
dissolveu-se quase que da noite para o dia. Na noite das eleições, Beckwith
arrecadou o seu estado natal com uma vantagem de sete pontos percentuais.
Michael desligou o rádio.
─ Está nas nuvens ─ disse Elizabeth.
─ Quem?
─ Braxton.
─ E tem razão para isso. O candidato dele ganhou e agora foi nomeado
Secretário de Estado.
─ A firma organizou uma festa para ele quando voltou da conferência de
imprensa na Casa Branca. Só dizia que tinha sido a decisão mais difícil de toda a
vida. Disse que começou por recusar o convite do Presidente porque não queria
abandonar a empresa. Mas o Presidente insistiu e ele não podia recusar uma
segunda vez. Só mentira! Todos sabem que há semanas ele fazia campanha pelo
cargo. Talvez devesse ter sido litigante e não promotor de acordos.
─ Vai dar um bom Secretário de Estado.
─ Lembro-me de um presidente que disse: "Minha cadela Millie sabe mais
de política externa do que o meu oponente." Isso se aplica a Braxton.
─ É inteligente, aprende depressa e sai-se muito bem na televisão. Os
profissionais podem tratar dos pormenores políticos. Braxton só precisa tomar

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