A Marca do Assassino

(Carla ScalaEjcveS) #1

SEDE DA CIA, LANGLEY, VIRGÍNIA


Michael saiu de casa bastante cedo e seguiu pela estrada deserta até a sede
à meia-luz cinzenta da alvorada. Foi buscar café e um bolo duro ao fosso da
lavagem e subiu as escadas até o Centro. Os últimos elementos do turno da noite
ainda lá estavam, de olhos exaustos, agachados sobre ecrãs de computador e
documentos antigos em papel, como se fossem monges medievais encurralados na
época errada. Eurotrash lia os cabogramas da manhã. Blaze mostrava a Cynthia
como matar com uma folha de papel. Michael sentou-se à secretária e ligou o
computador.
Segundo a polícia belga, dois supostos agentes operativos da Espada de
Gaza tinham sido avistados a bordo de um comboio, a entrar na Holanda. O serviço
de segurança britânico, o MI5, interceptara um telefonema de um inteletual
islâmico residente em Londres, que sugeria a iminência de um ataque de retaliação
algures na Europa. Imagens de satélite do campo de treino em ruínas no Irã
mostravam uma reconstrução rápida. A informação mais importante dessa noite foi
a última a chegar. Oficiais da espionagem síria tinham viajado para Teerã na
semana anterior, para se encontrarem com os homólogos iranianos. Michael já
antes vira movimentações do gênero. A Espada de Gaza estava a planear um
atentado a um alvo americano na Europa, provavelmente para breve. Pegou no
telefone interno e marcou o número do gabinete de Carter, mas ninguém atendeu.
Desligou e fitou o terminal de computador.
Porque não fazes uma pesquisa nos vossos computadores de Langley com o
nome do Vandenberg para veres o que te aparece?
Michael digitou o nome de Vandenberg e ordenou ao computador que
pesquisasse a base de dados.
Dez segundos depois recebeu uma mensagem em resposta.
ARQUIVOS com ACESSO RESTRITO.
ACESSO NEGADO
─ Em que diabo estava pensando para fazer aquilo?
Michael nunca vira Carter tão zangado. Estava sentado à mesa, a bater com
a ponta de uma caneta grossa no mata-borrão de pele, a tez normalmente pálida
vermelha com o esforço. McManus estava atrás dele, em silêncio, como se
esperasse a vez para confrontar um suspeito pouco cooperante. ─ Foi só um palpite
que tive ─ adiantou Michael debilmente, arrependendo-se de imediato. Pela
expressão de Carter, percebeu que apenas tinha piorado a situação.

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