era constantemente testada, elogiada por seus sucessos e recriminada pelo menor erro ou
hesitação. Em breve, alertou Dina, as perguntas seriam feitas por outros.
Durante esse período, ela recebeu a visita de uma série de observadores que assistiam
às suas aulas, mas não participavam de nenhuma forma. Havia um homem com ar
durão, cabelo escuro curto e um rosto esburacado. Havia um homem careca vestido de
tweed que se comportava com o ar de um professor de Oxford. Havia uma figura élfica
de cabelos finos e bagunçados de cujo rosto, por mais que tentasse, Natalie nunca
conseguia recordar. E, finalmente, havia um homem alto, magricela, com uma pele
pálida, sem sangue, e olhos da cor do gelo glacial. Quando Natalie perguntou a Dina o
nome dele, recebeu um olhar de reprovação.
— A Leila nunca se sentiria atraída por um não muçulmano — advertiu à sua pupila
—, quanto mais um judeu. A Leila está apaixonada pela lembrança de Ziad. Ninguém
nunca tomará o lugar dele.
O homem foi a Nahalal duas outras vezes, ambas acompanhado do homem de
cabelos finos e rosto evasivo. Olharam com ar de julgamento enquanto Dina
pressionava Natalie sobre os menores detalhes da relação de Leila e Ziad — o
restaurante ao qual foram no primeiro encontro, a comida que pediram, o primeiro
beijo, o último e-mail. Ziad o tinha enviado de uma lan house em Amã enquanto esperava
um emissário para atravessar a fronteira do Iraque com ele. Na manhã seguinte, ele foi
preso. Nunca mais se falaram.
— Você se lembra do que ele escreveu? — perguntou Dina.
— Ele tinha convicção de que estava sendo seguido.
— E o que você respondeu a ele?
— Disse que estava preocupada com a segurança dele. Pedi que entrasse no próximo
avião para Paris.
— Não, Leila, suas palavras exatas. Foi sua última comunicação com um homem que
você amava — completou Dina, balançando um pedaço de papel que supostamente
continha o texto da troca de e-mails. — Certamente, você se lembra da última coisa que
disse a Ziad antes de ele ser preso.
— Eu disse que estava doente de preocupação. Implorei que ele fosse embora.
— Mas não foi só isso que você disse. Você disse que ele podia ficar com um parente
seu, não é verdade?
— Sim.
— Quem era esse parente?
— Minha tia.
— Irmã da sua mãe?
— Correto.
— Ela mora em Amã?
— Em Zarqa.
— No campo ou na cidade?
— Na cidade.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1