— Ela já foi testada. E passou em todos os testes com sucesso.
— Vamos tirá-la da zona de conforto.
— Um interrogatório?
— Uma revisão por pares.
— Quão dura vai ser?
— Dura o suficiente para expor quaisquer falhas.
— Quem você quer que conduza?
— O Yaakov.
— O Yaakov me assusta.
— Esse é o objetivo, Uzi.
— Quando quer fazer?
Gabriel olhou para o relógio de pulso. Navot esticou a mão para o telefone.
Eles a pegaram uma hora antes do anoitecer, enquanto ela sonhava com os limoeiros de
Sumayriyya. Havia três deles — ou eram quatro? Natalie não conseguiu ter certeza; o
quarto estava escuro e seus captores estavam vestidos de preto. Colocaram um capuz na
cabeça dela, amarraram suas mãos com fita vedante e a empurraram pelas escadas. Lá
fora, a grama do jardim estava úmida embaixo de seus pés descalços, e o ar estava frio e
pesado com os aromas da terra e dos animais. Eles a empurraram para o banco traseiro
de um carro. Um sentou-se à sua esquerda e outro, à sua direita, de modo que ela ficou
presa pelos quadris e ombros. Assustada, chamou o nome de Gabriel, mas não recebeu
resposta. Dina também não respondeu a seu grito de socorro.
— Aonde vocês estão me levando? — ela perguntou, para sua surpresa falando com
eles em árabe.
Como a maioria dos médicos, ela tinha um bom relógio interno. O percurso, um rali
de alta velocidade nauseante, durou entre vinte e cinco e trinta minutos. Ninguém falou
uma palavra com ela, nem quando ela disse, em árabe, que estava prestes a vomitar.
Finalmente, o carro brecou. Novamente, ela foi empurrada, desta vez por um caminho
de terra. O ar estava doce com aroma de pinho e mais frio que no vale, e ela conseguia
ver um pouco de luz vazando pelo tecido de seu capuz. Passou por uma soleira e entrou
em uma espécie de estrutura onde a forçaram a se sentar em uma cadeira. As mãos dela
foram colocadas sobre uma mesa. Luzes a esquentavam.
Ela se sentou em silêncio, tremendo de leve. Sentiu uma presença para além das
luminárias. Por fim, uma voz masculina falou, em árabe:
— Remova o capuz.
Tiraram-no com um floreio, como se ela fosse um objeto premiado a ser revelado a
uma plateia. Ela piscou várias vezes, acostumando-se com a luz dura. Então, seus olhos