enfeitados e 12 hectares de jardins, onde, se fosse o caso, era possível perambular com
ares de preocupação. A Governança, departamento do Escritório que comprava e
mantinha as propriedades seguras, tinha uma relação boa, ainda que inteiramente
mentirosa, com o dono do château. O acordo — seis meses, com renovação opcional —
foi concluído com uma rápida troca de faxes e uma transferência bancária de vários
milhares de euros bem disfarçados. A equipe se mudou para lá no mesmo dia em que a
dra. Leila Hadawi se acomodou em seu modesto apartamentinho em Aubervilliers. A
maioria só ficou o tempo suficiente para deixar suas malas e foi direto para o campo.
Eles tinham operado na França várias vezes antes, até na tranquila Seraincourt, mas
nunca com o conhecimento e a aprovação do serviço de segurança francês. Supuseram
que a DGSI sempre estivesse os supervisionando e ouvindo todas as suas palavras, e se
comportavam tendo isso em mente. Dentro do château, falavam uma forma concisa do
hebraico coloquial do Escritório que estava para além do alcance de meros tradutores. E,
nas ruas de Aubervilliers, onde vigiavam Natalie atentamente, faziam o melhor para não
contar os segredos de família a seus aliados franceses, que também a observavam.
Rousseau adquiriu um apartamento diretamente em frente ao de Natalie, onde equipes
rotativas de agentes, uma israelense, outra francesa, mantinham presença constante. No
começo, o clima no apartamento era frio. Mas, gradualmente, conforme as duas equipes
se conheceram melhor, o humor melhorou. Para o bem ou para o mal, estavam lutando
juntos agora. Todos os pecados do passado estavam perdoados. Civilidade era a nova
ordem do dia.
O único membro da equipe que nunca pisava no posto de observação nem nas ruas
de Aubervilliers era seu fundador e guia. Seus movimentos eram imprevisíveis — Paris
em um dia, Bruxelas ou Londres em outro, Amã quando precisava consultar Fareed
Barakat, Jerusalém quando necessitava do toque de sua mulher e de seus filhos. Sempre
que chegava ao Château Treville, ficava até tarde acordado com Eli Lavon, seu amigo
mais antigo no mundo, seu irmão de guerra na Operação Ira de Deus, e esquadrinhava
os relatórios procurando sinais de problema. Natalie era sua obra-prima. Ele a recrutara,
treinara e pendurara em uma galeria de insanidade religiosa para os monstros verem. O
período de exibição estava quase acabando. Depois, viria a venda. O leilão seria
manipulado, pois Gabriel não tinha intenção alguma de vendê-la para qualquer um que
não fosse Saladin.
E foi assim que, exatamente dois meses após a abertura da Clínica Jacques Chirac,
Gabriel se encontrou no escritório de Paul Rousseau na rue de Grenelle. A primeira fase
da operação, declarou Gabriel, abanando para longe outra onda de fumaça de cachimbo,
chegara ao fim. Era hora de colocar o informante no jogo. Segundo as regras do acordo
operacional franco-israelense, a decisão de prosseguir deveria ser conjunta — mas o
informante era de Gabriel e, portanto, a decisão também era dele. Ele passou aquela noite
no esconderijo secreto de Seraincourt em companhia de sua equipe e, pela manhã, com
Mikhail a seu lado e Eli Lavon na retaguarda, embarcou em um trem na Gare du Nord
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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