a primeira e única restauração do quadro. Como ele reagiria num momento como este?
Não, pensou, sorrindo. Não adiantaria.
Ela deitou em sua cama de infância e, para sua surpresa, caiu em um sono sem
sonhos. E, quando acordou, estava decidida.
Durante a maior parte da semana seguinte, Hannah e sua equipe trabalharam duramente
em condições rígidas de segurança operacional. Abordaram secretamente participantes
em potencial, exerceram pressão, recorreram a doadores. Duas das fontes de
financiamento mais confiáveis de Hannah hesitaram, pois, como o ministro do Interior,
achavam melhor não jeter de l’huile sur le feu — jogar lenha na fogueira. Para compensar
o déficit, Hannah foi obrigada a usar suas economias pessoais, que eram consideráveis.
Isso também era alimento para seus inimigos.
Por fim, havia a pequena questão de como chamar esse empreendimento de Hannah.
Rachel Lévy, chefe do departamento de publicidade do centro, achou que a melhor
abordagem seria a suavidade e um traço de obscuridade, mas Hannah passou por cima
da decisão dela. Quando havia sinagogas queimando, disse, a cautela era um luxo a que
elas não podiam se dar. Hannah desejava acionar um alarme, soar as trombetas de um
chamado à ação. Ela rabiscou algumas palavras em um pedaço de papel e colocou-o na
mesa atulhada de Rachel.
— Isso deve chamar a atenção deles.
Até aquele momento, ninguém de alguma importância tinha concordado em
participar — só um enfadonho blogueiro e comentarista de tevê a cabo americano que
aceitaria até um convite para seu próprio funeral. Mas, então, Arthur Goldman,
renomado historiador de antissemitismo de Cambridge, disse que talvez estivesse
disposto a fazer a viagem até Paris — desde que, é claro, Hannah concordasse em
hospedá-lo por duas noites em sua suíte favorita no Crillon. Com a confirmação de
Goldman, Hannah atraiu Maxwell Strauss, de Yale, que nunca perdia uma oportunidade
de aparecer no mesmo palco que seu rival. O resto dos participantes rapidamente se
resolveu. O diretor do Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos aceitou,
bem como dois importantes memorialistas da sobrevivência e um especialista no
Holocausto francês do Yad Vashem. Uma romancista foi incluída mais por sua imensa
popularidade que por sua percepção histórica, junto com um político da extrema direita
francesa que raramente tinha palavras gentis a dizer sobre alguém. Vários líderes
espirituais e da comunidade muçulmana foram convidados. Todos recusaram. O
ministro do Interior também recusou. Alain Lambert deu a notícia a Hannah
pessoalmente.
— Você achou mesmo que ele participaria de uma conferência com um título tão