De trás do capuz veio apenas silêncio. Com um olhar, Fareed instruiu Mikhail e
Yaakov a levarem o prisioneiro. Gabriel, de seu posto no canto da sala, assistiu a seus
dois oficiais de confiança obedecerem ao comando de Fareed. No momento, a operação
era do jordaniano. Gabriel era apenas um observador.
Um cômodo tinha sido preparado no porão. Era pequeno, frio, úmido e cheirava a
mofo. Mikhail e Yaakov algemaram Nabil Awad ao catre e trancaram a porta à prova de
som. Uma lâmpada no teto, protegida por uma gaiola de metal, brilhava forte. Não fazia
diferença; o sol tinha se posto para Nabil Awad. Com o capuz opaco blindando seus
olhos, ele vivia em um mundo de noite permanente.
Não levou muito para a escuridão e o silêncio e o medo abrirem um buraco no
cérebro de Nabil Awad. Fareed monitorava a transmissão da câmera posicionada dentro
da cela improvisada. Estava procurando os sinais reveladores —inquietação,
movimentos de contorção, sobressaltos repentinos — do início da agonia emocional e
da confusão mental. Tinha pessoalmente conduzido inúmeros interrogatórios nos
sombrios porões da sede do DGI, e sabia quando fazer perguntas e quando deixar a
escuridão e o silêncio fazerem seu trabalho por ele. Alguns dos terroristas interrogados
por Fareed tinham se recusado a dobrar-se, mesmo sob interrogatórios brutais, mas ele
julgava que Nabil Awad era mais frágil. Havia um motivo para ele estar na Europa e não
bombardeando e matando e cortando cabeças no califado. Awad não era um jihadista
combatente; mas só uma peça na engrenagem. E era precisamente disso que precisavam.
Depois de duas horas, Fareed pediu que o prisioneiro fosse trazido do porão. Fez
três perguntas. Qual foi exatamente seu papel nos ataques em Paris e Amsterdã? Como
você se comunica com Jalal Nasser? Quem é Saladin? Novamente, o jovem jordaniano
alegou não saber nada sobre terrorismo, Jalal Nasser ou o misterioso homem que
chamavam de Saladin. Era um súdito jordaniano leal. Não acreditava no terrorismo nem
no jihad. Não ia à mesquita com frequência. Gostava de garotas, fumava cigarros e
consumia álcool. Trabalhava em uma copiadora. Era um nada.
— Tem certeza, habibi? — perguntou Fareed, antes de devolver Nabil Awad a sua
cela. — Tem certeza de que essa é sua resposta?
Assim seguiram por toda a noite, a cada duas horas, às vezes quinze minutos antes,
às vezes depois, para que Nabil Awad não pudesse estabelecer um relógio interno e,
assim, se preparar para o massacre silencioso de Fareed. A cada aparição, o jovem
jordaniano estava mais arisco, mais desorientado. A cada vez, Fareed fazia as mesmas três
perguntas. Qual foi exatamente seu papel nos ataques em Paris e Amsterdã? Como você
se comunica com Jalal Nasser? Quem é Saladin? As respostas nunca variavam. Ele não
era nada. Não era ninguém. E, durante todo o tempo, o celular do jihadista apitava e