— Em Bruxelas?
— Ou perto.
— Como o mensageiro sabe em que lugar coletar?
— A localização está contida na mensagem.
No cômodo ao lado, Gabriel assistiu a Fareed colocar um bloco de notas e uma
caneta com ponta de feltro diante de Nabil Awad. O jordaniano, acabado, rapidamente
pegou a caneta, como um homem que se afoga agarrando uma tábua de salvação jogada
em meio a um mar agitado. Escreveu em árabe, rapidamente, sem parar. Escreveu por
seus pais e seus irmãos e todos aqueles que levariam o nome Awad. Mas principalmente,
pensou Gabriel, escreveu por Fareed Barakat. Este o tinha vencido. Nabil Awad agora
pertencia a eles. Eram seus donos.
Quando a tarefa estava completa, Fareed exigiu de seu prisioneiro mais um nome. Era o
nome do homem que dirigia a rede, aprovava os alvos, treinava os agentes e fabricava as
bombas. O nome do homem que se intitulava Saladin. Nabil Awad alegou, com lágrimas
nos olhos, não sabê-lo — e Fareed, talvez porque ele mesmo estivesse ficando cansado,
escolheu acreditar nele.
— Mas já ouviu falar dele?
— Sim, claro.
— Ele é jordaniano?
— Duvido.
— Sírio?
— Pode ser.
— Iraquiano.
— Eu diria que sim.
— Por quê?
— Porque ele é muito profissional. Como você — completou Nabil Awad,
rapidamente. — Ele leva a segurança a sério. Não quer ser famoso como o Bin Laden.
Só quer matar infiéis. Apenas as pessoas no topo sabem seu nome verdadeiro ou de
onde ele é.
Naquele ponto, já era noite. Eles colocaram Nabil Awad encapuzado e amarrado de
volta na van outrora branca e o levaram para o Aeroporto Le Bourget, fora de Paris,
onde um jato Gulfstream pertencente ao monarca jordaniano esperava. Nabil Awad
embarcou no avião sem lutar e, apenas seis horas depois, foi trancado em uma cela bem
no fundo da sede do DGI em Amã. No universo paralelo da web, porém, ele ainda era
um homem livre. Disse aos amigos, aos seus seguidores nas redes sociais e ao gerente
da loja de impressões onde trabalhava que tinha precisado voltar à Jordânia sem aviso