— Meu nome é Jalal Nasser.
— Já nos conhecemos antes?
— Não.
— Você mentiu para mim.
— Foi necessário.
— Por que está aqui?
— Me pediram para vir.
— Quem?
— Você, é claro.
Ele relaxou a mão que segurava o braço dela.
— Não fique nervosa, Leila — disse, calmamente. — Não vou machucá-la. Estou
aqui só para ajudar. Vou dar-lhe a chance que você estava esperando. Vou realizar seus
sonhos.
O posto de observação de Paul Rousseau ficava diretamente acima do café, e o ângulo
fechado para baixo da câmera de vigilância fazia Natalie e Jalal parecerem personagens de
um filme francês avant-garde. A cobertura de áudio era fornecida pelo celular de Natalie,
o que queria dizer que, quando assistiam ao vivo, havia um atraso enlouquecedor de
dois segundos no áudio. Mas depois, no esconderijo secreto de Seraincourt, Mordecai
produziu uma versão editada do encontro, na qual som e imagem estavam
sincronizados. Com Eli Lavon ao seu lado, Gabriel assistiu a essa versão três vezes do
começo ao fim. Depois, ajustou a marcação de tempo para 11:17:38 e clicou no ícone play.
— Por que está aqui?
— Me pediram para vir.
— Quem?
— Você, é claro.
Gabriel clicou para pausar.
— Performance impressionante — disse Eli Lavon.
— Dele ou dela?
— Dos dois, na verdade.
Gabriel deu play.
— Vou dar-lhe a chance que você estava esperando. Vou realizar seus sonhos.
— Quem contou para você sobre esses meus sonhos?
— Meu amigo Nabil. Talvez você se lembre dele.
— Muito bem.
— Nabil me contou sobre a conversa que tiveram após a manifestação na Place de la
République.