tinha sido só um aviso prévio. Lavon prevaleceu no fim, mesmo que apenas porque
Gabriel, em seu coração operacional, sabia que seu velho amigo estava certo. Foi
magnânimo na derrota, mas não ficou menos preocupado em mandar sua agente para o
encontro totalmente sozinha. Apesar de sua aparência nada ameaçadora, Jalal Nasser era
um assassino jihadista implacável e comprometido, que atuara como gerente de projetos
em dois ataques terroristas devastadores. E Natalie, apesar de todo o seu treinamento e
sua inteligência, era uma judia que por acaso falava árabe muito bem.
E assim, dois minutos depois das nove daquela noite, enquanto Natalie passava a
perna por cima da traseira da moto Piaggio de Jalal Nasser, só havia olhos franceses
observando, e só à distância. O Renault amassado os seguiu por algum tempo e logo foi
substituído por um Citroën. Depois, o Citroën também sumiu, e só as câmeras os
vigiaram. Elas os rastrearam em direção ao norte, passando pelos Aeroportos Le
Bourget e Charles de Gaulle, e em direção ao leste, através das vilas de Thieux e Juilly.
Depois, às vinte e uma horas e vinte minutos, Paul Rousseau ligou a Gabriel para dizer
que Natalie tinha desaparecido de seus radares.
Nesse ponto, Gabriel e sua equipe se acomodaram para mais uma longa espera.
Mordecai e Oded se envolveram em um jogo competitivo de tênis de mesa; Mikhail e Eli
Lavon travaram uma guerra em um tabuleiro de xadrez; Yossi e Rimona assistiram a um
filme americano na televisão. Apenas Gabriel e Dina se recusaram a se distrair com
atividades triviais. Gabriel andou sozinho pelo jardim escuro, preocupando-se
excessivamente, enquanto Dina sentou-se sozinha na sala de operações improvisada,
olhando para uma tela de computador preta. Dina estava de luto. Dina teria dado
qualquer coisa para estar no lugar de Natalie.
Depois de deixar para trás o último dos subúrbios parisienses, eles andaram por uma
hora em meio a terras agrícolas e vilarejos de cartão-postal, aparentemente sem objetivo,
propósito nem destino. Ou andaram por duas horas? Natalie não conseguia ter certeza.
Sua visão de mundo estava limitada. Havia apenas os ombros quadrados de Jalal e a
traseira do capacete de Jalal, e a cintura fina de Jalal, à qual ela se segurava com culpa,
pois estava pensando em Ziad, que amava. Por algum tempo, tentou manter em mente
seus arredores, notando os nomes das vilas das quais entravam e saíam e os números
das estradas pelas quais aceleravam. Por fim, desistiu e virou a cabeça para o céu.
Estrelas brilhavam no céu negro; uma lua baixa e luminosa os seguia pela paisagem.
Supunha que estava de volta à França.
Finalmente, chegaram à periferia de uma cidade de médio porte. Natalie a conhecia;
era Senlis, a antiga cidade dos reis franceses localizada na beira da Floresta de Chantilly.
Jalal acelerou pelos becos de paralelepípedos do centro medieval e estacionou em um